É triste, e lamentável, saber que as sete cidades do Grande ABC registraram nos seis primeiros meses do ano um caso de estupro a cada 24 horas, em média. Os dados da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), ora divulgados por meio do Diário, mostram que as ocorrências na região permanecem, ano após ano, terrivelmente estáveis, a demonstrar que as ações de combate não têm sido suficientes para derrubar os índices de crime tão vil e covarde. Pelo contrário, houve pequeno aumento no número de casos, de 4,25%, quando comparados os dados atuais aos do mesmo período de 2016.

Ainda mais infame é o dado que aponta os indivíduos vulneráveis como as maiores vítimas de estupro. Forçar qualquer tipo de atividade sexual, sem consentimento, é vilania – o que torna inomináveis criminosos que abusam de vulneráveis, ou seja, menores de 14 anos, deficientes ou pessoas sem reflexo para se defender (geralmente em decorrência do uso de bebida alcoólica ou droga).

Pois dos 177 casos de violência sexual denunciados no Grande ABC entre o começo de janeiro e o fim de junho, 117 envolvem vulneráveis – mais da metade! Os acusados de práticas tão sórdidas são, em boa parte das vezes, parentes das próprias vítimas. Como o delito ocorre, na imensa maioria dos casos, nas residências onde ambos moram, o combate ao crime se torna bastante difícil.

Mas, como já tivemos a oportunidade de argumentar aqui mesmo neste espaço há pouco mais de quatro meses, onde mora o problema vive também a solução. Ninguém está mais apto a perceber as sequelas de um abuso do que quem está próximo da vítima. Exatamente por isso, pais e responsáveis têm de desenvolver canais de diálogo para que sejam comunicados, pelas crianças e deficientes sob suas tutelas, ao primeiro sinal de que algum comportamento ultrapassou os limites do convencional. A outra parte, cabe aos governos, que precisam estimular os canais de denúncia e também as campanhas de conscientização. Essa infâmia não pode perdurar.