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Caxias vira divisor
de águas na Série C
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
04/09/2011 | 07:30
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O jogo de futebol tem três possibilidades de resultado: a vitória (rende três pontos), o empate (um) e a derrota (zero). E cada uma pode propiciar destino diferente para o Santo André no Campeonato Brasileiro da Série C.

Triunfo hoje (às 15h) sobre o Caxias, no Estádio Centenário, em Caxias do Sul, mantém o Ramalhão vivo na busca pela classificação. A igualdade no placar deixa esse sonho mais remoto. Já em caso de revés, o time vai lutar mesmo contra o rebaixamento. Ou seja, o confronto é um divisor de águas nas pretensões andreenses.

É o jogo da vida para a gente, nossa primeira decisão. Ainda mais para quem começou aqui no Santo André, como eu, seria muito triste vir com resultado negativo de lá", afirmou o volante Juninho. "Eles têm dois jogos pela frente e nós três. Se fizermos o resultado, eles só têm mais um enquanto nós teremos dois", emendou o zagueiro Daniel Gigante.

Contando com o jogo de hoje, o Santo André tem nove pontos em disputa na Série C. Nos cálculos do técnico Rotta, se conquistar todos - somados aos quatro que tem até agora - a equipe se classifica para a próxima fase. "Para o Santo André é assim: sempre difícil. Mas devo tudo na minha vida a esse clube que um dia ajudei a colocar na Série A e quero ajudar agora a recolocá-lo na Série B", disse Juninho.

Mas os atletas também estão atentos às dificuldades que terão para alcançar o objetivo traçado pelo treinador.

"Teremos um jogo muito complicado contra o Caxias. Eles nos deram trabalho aqui (na vitória andreense por 1 a 0), têm equipe de qualidade, mudaram bastante (o técnico Argel Fucks foi contratado) e vamos precisar de muita atenção", afirmou Daniel Gigante.

 

Sto.André muda tática e postura

O técnico Rotta promoveu durante os treinos da semana mudanças no esquema tático do Santo André. O time abandonou o 4-3-1-2 e passou para o 4-4-2, mas não o clássico, com duas linhas de quatro no meio-campo. Os jogadores do setor foram posicionados em forma de losango. Geometria de lado, a equipe andreense vai ter outro aspecto diferente: o espírito.

A ideia do treinador e dos jogadores é ter a mesma garra demonstrada contra o Joinville, quando o time segurou a pressão do adversário mesmo com um a menos desde os sete minutos do segundo tempo (quando Negretti foi expulso e, por isso, é desfalque no jogo de hoje). Mas, de acordo com o zagueiro Daniel Gigante, ainda era necessário um algo a mais, que deverá ser visto hoje.

"A gente estava muito bonzinho um com o outro. É preciso gritar, cobrar. Tem quem não goste, mas é normal dentro de campo. Mas no vestiário todo mundo é amigo", disse o defensor, que no treino de sexta-feira pagou geral aos companheiros (principalmente ao lateral-direito Marcelo), pedindo mais comunicação no setor.

Com relação ao último jogo, Luizinho ganha a vaga de Negretti no meio. O atacante será improvisado como meia-atacante, enquanto Cristiano Brasília será recuado para a armação. 4"O time fica mais ofensivo, mas sem a bola volta todo mundo para combater", explicou Rotta. "Parece que a zaga fica desprotegida com um volante a menos, mas nossos laterais vão segurar mais para ajudar a gente lá atrás", emendou Gigante.

 

Frio rigoroso no Sul não é contratempo para andreenses

A meteorologia prevê temperaturas de 8ºC para a hora do jogo entre Caxias e Santo André, hoje, no Estádio Centenário. Localizada na Serra Gaúcha, a cidade de Caxias do Sul tem por característica as sensações térmicas próximas ou abaixo de 0ºC. Mas, durante toda a semana, os jogadores do Santo André viveram aclimatação sem sair de casa, afinal os treinos vespertinos no Bruno Daniel foram congelantes.

"Temos que agradecer a Deus pelo tempo que nos deu aqui, porque já nos adaptamos e vamos estar mais acostumados. Na verdade não podemos pensar nisso. Somente em conquistar os três pontos com sabedoria, sem desespero", disse o zagueiro Daniel Gigante.

"O volante Juninho e o técnico Rotta discursaram em tom semelhante ao do defensor. "Dentro de campo temos de esquecer tudo e fazer bom jogo", disse o treinador. "O frio e a torcida têm que ser os menores dos detalhes", completou Juninho.

A diretoria do Caxias fez promoção de ingressos pela metade do preço. Além disso, mulheres não pagam. Tudo para lotar o Estádio Centenário.

 

Caxias troca o verde pelo grená em um dia

O município de Caxias do Sul é um dos principais do Rio Grande do Sul com quase 500 mil habitantes e, devidas às proporções, tem uma peculiaridade semelhante à Porto Alegre: é dividido por duas torcidas de futebol. Se Internacional e Grêmio são os rivais de Porto Alegre, na cidade serrana o duelo é outro. De um lado, os grenás do Caxias, adversário de hoje do Ramalhão. Do outro, os alviverdes do Juventude.

As torcidas não se bicam e alguns torcedores preferem nem dizer o nome do adversário. Mas ontem, especialmente, a cidade estava vestida de verde. O Juventude jogou em casa, no Estádio Alfredo Jaconi (próximo do hotel onde o Ramalhão está concentrado), pelo Campeonato Brasileiro da Série D.

Em confronto direto contra o Cianorte-PR, fez três gols no segundo tempo, venceu por 3 a 0 e garantiu vaga na próxima fase do torneio. Consequentemente, festa dos aproximadamente 8.000 fãs presentes ao local para prestigiar o Ju - que foi campeão da Copa do Brasil em 1999, esteve na elite do Nacional por diversos anos seguidos e após vertiginosa queda, busca se restabelecer.

Aliás, dar a volta por cima é uma questão de honra. Até porque o rival está um degrau acima na escala do Brasileiro. "Hoje estamos por baixo, mas vamos subir", disse o frentista Dorival Coelho, 32, que se diz fanático pelo Alviverde. "E eles vão cair. Vou torcer pelo Santo André amanhã (hoje)", completou.

Já o taxista João Gonçalves Souza, 51, torce pelo Caxias e está na expectativa para que seu time vença hoje, para não ter de aguentar as tirações de sarro dos rivais amanhã. "Como eles ganharam, também temos que vencer. Mais do que isso, a gente tem que engrenar até chegar ao acesso para a Série B, para abrir ainda mais distância deles", exaltou.

A expectativa da diretoria grená é lotar ou pelo menos igualar o número de torcedores do rival na partida contra o Ramalhão. O técnico Rotta comentou que a torcida rival fica bem próxima do banco de reserva dos visitantes no Estádio Centenário. Mas nada que vá inibir a forma enérgica como o treinador demonstra durante o jogo.

 

Torcidas do adversário e do Sto.André: irmãs até o jogo começar

As principais torcidas organizadas do Caxias (Falange Grená) e do Santo André (Fúria Andreense) são irmãs. Desta forma, desde ontem pela manhã cerca de dez viajantes do Grande ABC foram recebidos na sede dos parceiros gaúchos, onde ficarão alojados até amanhã, em contrapartida ao que ocorreu no jogo de ida, quando os sulistas foram acolhidos na vitória do Ramalhão por 1 a 0, há um mês, pela Série C do Campeonato Brasileiro.

Quando a bola rolar hoje, no entanto, a história é outra. Cada uma em seu espaço, gritando por seu time de coração e na expectativa de voltar para casa comemorando os três pontos e mais uma vitória na briga pela classificação à segunda fase. Afinal, empate pode ser ruim para ambas as equipes.

O curioso é que os torcedores andreenses retornam para São Paulo no mesmo voo dos jogadores, amanhã pela manhã. A expectativa é que uma vitória estreite o laço entre as partes, que está estremecido desde o pós-jogo contra o Joinville, quando alguns integrantes da organizada tentaram invadir o vestiário do Estádio Bruno Daniel para tirar satisfações com os atletas após possível gesto obsceno do meia Cristiano Brasília.

Derrota no Sul, no entanto, pode gerar desconforto ainda maior e as quase duas horas de voo serão as mais longas tanto para os torcedores quanto aos jogadores.




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