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Justiça paraguaia será comunicada sobre situaçao de Oviedo
Do Diário do Grande ABC
21/06/2000 | 16:42
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A CPI do Narcotráfico vai formalizar ao Ministério Público do Paraguai um pedido de indiciamento e prisao contra o ex-general golpista paraguaio Lino César Oviedo por crimes de tráfico de drogas, contrabando de armas, lavagem de dinheiro e formaçao de quadrilha. A açao será enviada à Justiça paraguaia até a próxima semana, anunciou o relator da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE). Açao idêntica será protocolada no Brasil, na Procuradoria-Geral da República, após o julgamento do pedido de extradiçao de Oviedo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que pode levar meses.

Com essa decisao, a situaçao de Oviedo fica mais complicada. O ex-militar seria julgado pelos crimes praticados no Paraguai e, posteriormente, pela Justiça brasileira. Ou seja, se Oviedo já tiver sido extraditado para o Paraguai, o governo brasileiro poderá requerer seu retorno ao país para que ele possa responder pelos crimes dos quais é acusado.

Preso em Foz do Iguaçu (PR) no dia 11, Oviedo foi indiciado pela Polícia Federal por uso de documento falso e porte ilegal de armas. O ex-general usava documento de Emílio Franco Villarreal ao ser detido.

Oviedo está recolhido em uma cela da superintendência da PF em Brasília com outros três pessoas - um alemao e dois brasileiros. O ex-general tenta no STF a transferência para um batalhao da Polícia Militar.

A estratégia da CPI em relaçao a Oviedo foi mudada hoje, após reuniao de membros da comisao, entre eles o presidente Magno Malta (PTB-ES), com o presidente do STF, Carlos Velloso, para discutir detalhes técnicos do pedido de extradiçao. O senador paraguaio Luís Aberto Mauro e o deputado Nery Felipe Pereira Delvalle, que presidem, respectivamente, as comissoes de Direitos Humanos e de Combate ao Narcotráfico do Congresso do Paraguai, também participaram do encontro.

Fortes indícios - Segundo Torgan, a CPI do Narcotráfico já possui fortes indícios, com base em documentos fornecidos pelos parlamentares paraguaios, para pedir o indiciamento e a prisao de Oviedo por formaçao de quadrilha, narcotráfico, contrabando de armas e lavagem de dinheiro na rota Paraguai-Brasil. A comissao, que já tem mil páginas de denúncias e provas contra o ex-general, receberá na próxima semana uma nova remessa de documentos que incriminam Lino Oviedo.

Entre a documentaçao recebida pela CPI, há bilhetes do general José Centurión, que comandou o combate ao tráfico de drogas e de armas na época em que Oviedo chefiava o Exército. Em um deles, Centurión cobra o envio de dólares referente à remessa de armas a brasileiros, que seriam ligados ao esquema de contrabando na fronteira do Paraguai com o Brasil.

Torgan explicou que muita coisa ainda deve ser investigada em relaçao ao envolvimento de Oviedo com o crime organizado e o narcotráfico. A CPI recebeu informaçoes de que o esquema ao qual Oviedo estaria vinculado teria ramificaçoes no Paraguai, Brasil, Estados Unidos e Caribe. O advogado de Oviedo, Luiz Eduardo Roriz, foi procurado para falar sobre o caso, mas nao retornou as ligaçoes.




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