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Governo nao leva reforma a sério e quer destruir o MST, diz Stédile
Do Diário do Grande ABC
06/06/2000 | 17:39
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O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Joao Pedro Stédile, acusou nesta terça-feira o Governo de nao levar a sério um projeto de reforma agrária para o país e de tentar destruir o MST. Na palestra "Reforma agrária, mídia e sociedade", no Centro de Convençoes, em Olinda, ele afirmou que a questao agrária nao se resolve apenas com um pouco mais de dinheiro ou com a "política paliativa" dos assentamentos. "É preciso uma política pública agrária combinada com uma política de distribuiçao de renda", afirmou.

Essa visao, observa, nao se encaixa no atual modelo econômico, centralizador, excludente e sem investimento na agricultura familiar. "Nos últimos 10 anos 942 mil pequenas propriedades, de até 100 hectares, faliram no país". Ele acrescentou que estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de Sao Paulo, revelou que no ano passado foram investidos em crédito rural R$ 7 bilhoes, quando em 1980 foram R$ 30 bilhoes.

Nesse contexto, segundo Stédile, o MST - que organiza a populaçao na luta pela terra - aparece como um inimigo que deve ser destruído. Para ele, além da tática da repressao, o Governo faz uma campanha para isolar o movimento da sociedade, com "mentiras" - acusando o movimento de plantar maconha e de desviar dinheiro público -, ou tentando vincular o MST à baderna.

Stédile assegura que o MST conta com o apoio da opiniao pública e credita o grande crescimento do movimento ao governo Fernando Henrique Cardoso. "O nosso crescimento nao se deve à nossa capacidade de organizaçao, mas a esse modelo econômico que produz cada vez mais pobres no campo", afirmou.

Sem polêmica - O secretário nacional de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Nélson Borges, que estava no local, disse que nao iria polemizar com o MST. "Mas gostaria de ver reconhecido o grande avanço político que foi tirar a agricultura familiar do Ministério da Agricultura e transferir para a pasta do Desenvolvimento Agrário", afirmou ele. "Isso era uma reivindicaçao dos movimentos ligados à terra".

Ele também afirmou que o Programa de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf) começou com R$ 200 milhoes há cinco anos e este ano vai investir R$ 4,2 bilhoes. "Isso é dinheiro em qualquer parte do mundo."

A conferência sobre reforma agrária fez parte do evento paralelo do 5º Congresso Internacional de Jornalismo da Língua Portuguesa, que será aberto oficialmente nesta quarta-feira, pelo ministro da Justiça, José Gregori.




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