Por determinação da deputada estadual, a bancada do PV de Diadema terá de votar em conjunto na Câmara. Nas últimas sessões, o vereador Lauro Michels (PV), que se coloca como pré-candidato à Prefeitura em 2012, discordou do posicionamento dos colegas de legenda, Milton Capel e Márcio da Farmácia, rejeitando projetos do prefeito Mário Reali (PT) e tecendo duras críticas à administração petista. Mas teve de mudar sua tática.

O reflexo da decisão partidária aconteceu na quinta-feira. Uma semana antes, Michels votara contrariamente à criação de 378 cargos concursados. Na tribuna, questionou o texto, lembrando que Reali saíra há pouco tempo de dura negociação salarial com os servidores públicos, e que a proposta era um desrespeito à categoria. Na quinta-feira, na segunda discussão da matéria, teve de aprovar a medida.

"Por orientação da deputada Regina Gonçalves, que não quer mais ver a bancada votando rachada, aprovei o projeto. Mas aprovei com ressalvas", declarou o vereador, durante a justificativa de voto. Questionado sobre o posicionamento de Regina, Michels não quis comentar e disse apenas seguir as decisões tiradas em âmbito partidário.

O engessamento da bancada poderá refletir diretamente na pré-candidatura de Michels ao Paço. A estratégia traçada pelo parlamentar era de adotar postura mais crítica à gestão Reali, afastar o PV do bloco governista - ao qual participa desde o segundo mandato de José de Filippi Júnior (PT), em 2001 - e alavancar sua campanha no meio político da cidade. Aprovando proposituras do Executivo, Michels ficará ‘escondido' dentro da bancada de sustentação de Reali, que hoje conta com 16 dos 17 vereadores da Casa.

Perguntada se a orientação prejudicaria eventual candidatura de Michels ao Paço, Regina afirmou que não iria discutir questões partidárias pela imprensa. "O Lauro participa de um coletivo. Pedi unidade ao partido porque é algo natural que a sigla caminhe para a mesma direção."

Líder da bancada do PV na Câmara, Milton Capel discordou da avaliação de que a votação em bloco poderá atrapalhar os planos de Michels para 2012. Capel afirmou que, caso haja disparidade de pensamento na bancada verde, o partido poderá liberar Michels para manifestar seu posicionamento, sem represálias. Mas garantiu que, se a avaliação do diretório for que o projeto é essencial para a cidade, o aval terá de sair em conjunto. "O vereador não será doido de votar um projeto que é para o bem do povo."