A iminente interferência da direção nacional do PSB no diretório de São Bernardo para ratificar o apoio à reeleição do prefeito Luiz Marinho (PT) não está sendo bem recebida pelos socialistas na cidade.

De acordo com o estatuto do PSB, nos municípios com mais de 200 mil habitantes as decisões partidárias devem ser ratificadas pela direção nacional.

Desse modo, o encontro do governador de Pernambuco e presidente nacional da sigla, Eduardo Campos, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e com Marinho, semana passada, teve por objetivo estreitar a aproximação entre as legendas em São Paulo, Campinas e também no Grande ABC.

O presidente do diretório municipal do PSB, Luiz Carlos Heredia, se diz contrário a qualquer medida impositiva que possa vir do comando máximo da legenda. "O governador (Eduardo Campos) está muito longe de São Paulo, não conhece a realidade dos diretórios. Quem poderia interferir é a (executiva) estadual", disse Heredia.

O dirigente partidário reiterou que as conversas com Marinho estão sendo encaminhadas e que não é preciso interferência da direção nacional doPSB.

Em São Bernardo, o partido chegou a aventar a possibilidade de candidatura majoritária, com o vereador Antonio Cabrera sendo ventilado para encabeçar a disputa. Mas, agora, ele é mais um nome especulado como possível vice de Marinho. Apesar de ambos os lados desconversarem sobre a aliança, comenta-se nos bastidores que é apenas questão de tempo para a parceria ser anunciada.

Entre os parlamentares, a manifestação de Campos também não é bem-vista. Cabrera considera que o partido deve ter liberdade para definir seu futuro na eleição municipal. "Já solicitamos uma reunião com a direção municipal do partido para ver que encaminhamento podemos tomar diante dessa situação", afirmou.

Ary de Oliveira pondera que os socialistas ainda não foram comunicados sobre nenhuma decisão quanto à possibilidade de aliança com o PT, mas também se mostra contrário à intervenção. "Cada Estado e cada cidade têm uma situação diferente. Para mim, as decisões têm de sair, no máximo, da esfera estadual."

O vereador Sérgio Demarchi não vê dificuldade em caminhar com Marinho, mas afirma que nenhuma imposição é benéfica. "Sou favorável que se dê tempo aos partidos para que dialoguem". Entretanto, o socialista observa que se a determinação da direção nacional referendar apoio ao PT, cabe ao partido seguir a norma. 

Alianças em São Paulo podem influenciar DEM na cidade 

Embora integre a base aliada do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), O DEM pode mudar seu rumo no município com as movimentações que estão ocorrendo. Na esfera federal, o partido integra o eixo opositor (ao lado de PSDB e PPS) à presidente Dilma Rousseff (PT).

A consolidação do ex-governador José Serra (PSDB) como candidato a prefeito da Capital e a ventilada pré-candidatura do deputado federal democrata Rodrigo Garcia podem refletir em São Bernardo, favorecendo a possível mudança de posicionamento de sigla para os lados da oposição.

O presidente da executiva provisória do DEM, Mauro Miaguti, ressalta o apoio da legenda a Marinho, mas reconhece que os acontecimentos em São Paulo podem respingar na cidade. "Está acontecendo uma onda diferente. A princípio, (o apoio a Marinho) continua."

Com a oposição ratificando a dobrada entre o deputado estadual Alex Manente (PPS) e o vereador Admir Ferro (PSDB), o DEM entra na mira como possível aliado do grupo que pretende impedir a reeleição de Marinho. "Estaremos conversando com todos os partidos posíveis", avaliou Ferro.