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Operação da PF prende juízes, agentes e advogados em SP
Do Diário OnLine
Com Agências
30/10/2003 | 23:26
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A Polícia Federal promoveu nesta quinta-feira, em São Paulo, a 'Operação Anaconda', montada com o objetivo de acabar com um complexo esquema de corrupção envolvendo o poder Judiciário. Após um ano e meio de investigações, a Procuradoria da República levantou indícios de tráfico de influência, decisões judiciais suspeitas, desvio de armas apreendidas em processos e abuso de poder. Os resultados da operação foram comunicados ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

Munidos de mandados de prisão e mandados de busca e apreensão, agentes da PF recrutados em outros Estados prenderam oito pessoas e apreenderam centenas de documentos em 15 endereços da capital paulista. O juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, apontado como o cabeça do esquema, não foi preso. Mas teve o apartamento devassado pela PF. Outros dois juízes federais, os irmãos Casem e Ali Mazloum (titulares da 1ª e da 7ª Vara Criminal Federal), também são suspeitos de envolvimento nas falcatruas, assim como o corregedor da Polícia Federal, Dirceu Bertin.

A 'Operação Anaconda', que contou até com agentes do grupo de elite Comando de Operações Táticas (COT), resultou na prisão de dois advogados, dois delegados da Polícia Federal, dois empresários, um agente federal e uma auditora aposentada da Receita Federal. Ela é Norma Regina Emílio Cunha, ex-mulher do juiz Mattos. No apartamento da auditora, na região central de São Paulo, os agentes apreenderam US$ 300 mil – além de sacolas cheias de documentos fiscais, cópias de processos judiciais e inquéritos policiais, contas de telefone, extratos bancários, correspondências diversas, disquetes de computador, jóias e até um aparelho de TV.

A lista de detidos inclui ainda José Augusto Bellini (delegado da PF que chefia o setor de emissão de passaportes em São Paulo), Jorge Luiz Bezerra da Silva (delegado aposentado da PF alagoana), César Herman Rodriguez (agente federal), Affonso Passarelli Filho (advogado), Carlos Alberto da Costa Silva (advogado), Wagner Rocha (empresário) e Sérgio Chiamarelli Júnior (empresário).

Os presos estão incomunicáveis nas dependências da Policia Federal na Lapa, sob vigilância de agentes de Brasília. É proibida a aproximação de policiais federais de São Paulo. Os pedidos de prisão preventiva contra eles têm prazo de cinco dias.

Magistrados - O Ministério Público denunciou Mattos pelos crimes de corrupção, falsidade ideológica, prevaricação e peculato. Foi pedida a decretação da prisão temporária do juiz, mas a desembargadora Terezinha Caserta, do Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo, recusou. A magistrada quer analisar a documentação apreendida com Mattos antes de decidir se ele deve ser preso.

Mattos acompanhou parte da operação de busca no apartamento de Norma. A TV de última geração apreendida na residência da auditora aposentada, segundo o Ministério Público, foi um presente dado a Mattos por um contrabandista, que pagava favores prestados pelo juiz. A acusação dos promotores é baseada em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Mattos nega e afirma que ele mesmo comprou o aparelho, para presentear o filho.

O juiz Ali Mazloum é acusado pela Procuradoria de formação de quadrilha, ameaça e abuso de poder. Casem é acusado de formação de quadrilha, falsidade ideológica e interceptação ilegal de telefones. Os dois negam as acusações e prometem renunciar aos cargos na magistratura se as denúncias forem comprovadas.

Com informações da TV Globo




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