Cultura & Lazer Titulo
Estreia de estilo
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
28/04/2010 | 07:00
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O livro "Lugar" (Tinta Negra, 112 págs., R$ 29), de Reni Adriano, tem lançamento hoje, às 19h, em Diadema. Mas não é um evento que registra apenas a chegada de mais um título às prateleiras, e sim a estreia de um promissor escritor brasileiro.

Reni Andrade, mineiro de 28 anos e morador de Diadema desde os 9, tem recebido críticas importantes, de grandes veículos, sobre sua obra. "Primoroso trabalho de investigação narrativa", "texto de alta voltagem poética", "originalidade e experimentalismo".

Houve até quem sugerisse o surgimento de um novo Guimarães Rosa. "Levei até um susto quando li. Mas a gente não precisa de um novo Guimarães", afirma Adriano.

A comparação com o autor de Grande Sertão: Veredas e tantos comentários na imprensa devem-se principalmente pelo estilo do autor. Uma linguagem original, poética, sintética, palavras inventadas em um universo real misturado ao fantástico.

Difícil de entender? "Eu mesmo achei o livro estranho. Pensei que não encontraria editora para publicá-lo", confessa o autor. Resolveu testá-lo, enviando a um concurso. Ganhou o primeiro lugar em ficção no Prêmio Minas Gerais de Literatura, em 2009. E conseguiu a editora.

Lugar foi bem recebido pela crítica. "Vejo isso com muita cautela, sem deslumbramento. Acho que o teste final é o leitor. Fazer arte é uma coisa generosa, porque você deixa à disposição algo que fez com sua alma. E quando alguém dá um retorno é incrível", diz.

Segundo Adriano, as correspondências que chegam falam, quase todas, sobre a estranheza da obra. "Dizem que é um livro para ser relido, porque não se apreende facilmente na primeira leitura", comenta.

Mas também o autor recebeu retornos - de quem não é leitor assíduo - que mostram que o livro tem sua simplicidade. "É um desafio para a inteligência, o raciocínio. Acredito que a pessoa vai compreendendo a história mais pelo sentimento".

CRIAÇÃO - Durante cinco anos, trechos rondavam a cabeça de Adriano. Quando resolveu escrever, foram dois intensos meses. Perdeu trabalho e um semestre na faculdade de Filosofia. "O livro tem uma carga pessoal muito grande que resolvi enfrentar, por isso o sofrimento".

O estilo veio naturalmente. "Não sei explicar como cheguei a ele. Sei que tenho obsessão pela palavra completamente dissonante do que está na realidade. Tenho até dificuldade em nomear objetos ou situar o leitor num espaço definido. É uma escrita arriscada, porque se errar pode-se ficar fazendo virtuosimo com as palavras", entende o autor.

Lugar - Lançamento de livro. Na Biblioteca Olíria de Campos Barros - Av. Sete de Setembro, 470, Diadema. Tel.: 4055-9200. Hoje, às 19h. Blog do autor: www.reniadriano.blogspot.com.




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