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Câmara de S.Bernardo gasta R$ 250 mil para defender contratação de assessores
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
27/04/2002 | 19:02
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Os vereadores de São Bernardo aprovaram uma resolução que autoriza a contratação de um escritório de advocacia por R$ 250 mil, para defendê-los na queda-de-braço que eles travam na Justiça com o Ministério Público. A briga judicial refere-se à contratação de assessores parlamentares.

Antes, os vereadores de São Bernardo tinham 21 assessores. Depois de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público, esse número caiu para quatro. Os vereadores não se conformaram com a decisão da Justiça e vêm tentando derrubar essa determinação.

A resolução, de nº 1.973, que autoriza a contratação do escritório de advocacia, foi aprovada no apagar das luzes da sessão do dia 20 de março. A matéria teve a aprovação da maioria dos parlamentares. Dezoito vereadores assinaram a resolução, que possui caráter interna corporis. Ou seja, é da competência exclusiva do Legislativo e não precisa da autorização do prefeito para entrar em vigor. A qualquer momento a Câmara pode contratar os advogados.

A conta da contratação do escritório Dinamarco, Rossi e Lucon – indicado pela resolução – será paga pela Câmara, como informa o artigo 2º. O valor (R$ 250 mil) é uma estimativa fornecida pelos vereadores. Como o dinheiro da Câmara provém do recolhimento de impostos, é fácil imaginar que vai ser o contribuinte de São Bernardo que pagará para os vereadores defenderem a volta de seus assessores.

O Diário esteve na Câmara na sexta-feira, mas não conseguiu falar com o presidente da Casa, o vereador José Walter Tavares (PL). Segundo sua assessoria, ele encontrava-se “viajando”. Outros vereadores comentaram a aprovação da Resolução 1.973.

O vereador Laurentino Hilário (PSDB) disse que, embora a matéria tenha sido aprovada, os parlamentares não a utilizaram e vêm pagando os advogados com seus próprios salários. Hilário defende, no entanto, a contratação de advogados pela Câmara. “Quando a instituição se sente no dever de defender seus interesses, ela pode contratar.”

O vereador Aldo dos Santos (PT) disse que não assinou a resolução porque considera esse procedimento irregular. “Não cabe à Câmara gastar R$ 250 mil para defender os interesses dos vereadores. Se o vereadores se sentem prejudicados, eles mesmos devem contratar advogado.”

Essa é também a opinião da vereadora Ana do Carmo (PT). A contradição no caso é que a vereadora assinou a resolução. “Não houve a contratação do escritório pela Câmara nem vai ocorrer”, assegura.

O vereador Lenildo Magdalena (PSB), também signatário, explicou que o valor de R$ 250 mil “é uma estimativa de primeira hora” e igualmente garantiu que o escritório não será contratado com o dinheiro da Câmara. “Foi apenas uma autorização. Não me consta que o presidente (Tavares) tenha feito a contratação.”

Segundo a Assessoria Jurídica da Câmara de São Bernardo, será preciso fazer uma outra resolução para revogar a que foi aprovada.




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