Cerca de 88% dos grandes empresários e 83% dos pequenos e médios disseram que as condiçoes da economia pioraram no fim do primeiro trimestre em relaçao aos seis meses anteriores. A maior parte disse já estar sentindo os efeitos da recessao, com quedas na produçao e no faturamento.
O presidente da CNI, senador Fernando Bezerra, disse nesta quinta-feira, ao divulgar a pesquisa, que a tendência de deterioraçao da situaçao financeira se manteve no primeiro trimestre. A lucratividade (relaçao preço-custo) das indústrias caiu menos no período, mas a liquidez ficou mais restrita em 1999, assim como a situaçao financeira global das empresas.
O chefe da Assessoria Econômica da CNI, José Guilherme Reis, disse que a pesquisa, que se refere ao primeiro trimestre deste ano e mostra uma melhora sensível na expectativa dos empresários para os próximos seis meses, "evidencia que o pior já passou". Segundo ele, os dados da CNI mostram que está em curso uma retomada do aquecimento da economia. Ele disse, também que os investimentos de curto e médio prazos, cujas negociaçoes haviam sido iniciadas antes da crise e foram interrompidas em funçao dela, já estao sendo retomados. Segundo ele, somente os investimentos de longo prazo, que ainda dependem de uma decisao empresarial, é que estao sendo tratados com cautela.
Melhora - Em relaçao ao comportamento da economia nos próximos seis meses, os industriais entrevistados desenharam um cenário otimista. A pesquisa constatou uma perspectiva de forte melhora nas exportaçoes, especialmente entre as grandes empresas. Também 31% das pequenas e médias empresas, que nao exportam, informaram ter decidido começar a operar no comércio externo. Os empresários também disseram que os juros altos continuam sendo o principal problema enfrentado pelas grandes indústrias.
A importância da reduçao da demanda cresceu na lista de preocupaçoes dos empresários. Esse item estava em quarto lugar no trimestre anterior e subiu para o segundo lugar. Para as pequenas e médias empresas, a maior queixa foi a carga tributária, ficando os juros em segundo lugar.
Câmbio - A pesquisa da CNI também avaliou os impactos da desvalorizaçao cambial e apurou as conseqüências da mudança no câmbio em diversos aspectos, como a evoluçao dos custos e preços o uso dos insumos importados, a concorrência com produtos importados e o desempenho exportador. Quase 80% dos entrevistados acredita que a taxa de câmbio deverá equilibrar-se entre R$ 1,60 e R$ 1,80, com uma média de R$ 1,70 no fim do semestre. Essa indicaçao prevaleceu especialmente entre as grandes empresas.
Embora mais de 90% dos entrevistados afirme que os custos vao aumentar, a desvalorizaçao deve afetar mais o custo das grandes empresas. Entre os entrevistados, 42% dos grandes disseram que seus custos vao aumentar muito, enquanto apenas 33% das pequenas e médias empresas acreditam que acontecerá o mesmo.
Para 70% das pequenas e médias e para 78% das grandes empresas, o aumento de custos será repassado de forma parcial aos preços. Entre as grandes empresas, 66% disseram que os custos serao assimilados por meio da reduçao de custos e aumento de produtividade, enquanto 12% esperam uma queda na lucratividade. Entre as pequenas, a proporçao dos que esperam uma lucratividade menor aumenta para 30%. A intençao de repasse integral de custos é bastante baixa: 14% nas pequenas e médias e 10% nas grandes. Importados - A pesquisa industrial da CNI indica também que a participaçao de insumos importados deve cair mais nas grandes empresas nos próximos seis meses. O uso desses componentes é menor nas pequenas e médias, sendo que 30% delas nao utilizam insumos importados. Entre as pequenas e médias 43% pretendem manter inalterada a participaçao dos importados nos insumos totais que utilizam e 25% pretendem substituí-los por insumos domésticos. As grandes empresas afirmaram também que farao uma substituiçao maior dos insumos importados, sendo que 57% afirmaram querer mudar de fornecedor.
A expectativa quanto a reduçao na concorrência dos produtos importados depende do tamanho do entrevistado. Para 27% das pequenas e médias empresas entrevistadas haverá concorrência dos importados. Mas 40% dos entrevistados acreditam que a concorrência deverá diminuir. A maioria dos líderes das grandes empresas acredita que a concorrência vai diminuir, sendo que para 13% a reduçao será grande. O impacto esperado da desvalorizaçao sobre as exportaçoes é maior sobre as grandes empresas. A maioria absoluta, 95% das grandes empresas, espera aumentar suas exportaçoes, sendo que 25% acham que será um grande aumento. Entre as pequenas e médias 79% esperam aumentar a exportaçao, sendo que 31% que nao exportam disseram que pretendem exportar a partir de agora.
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