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Pesquisa da CNI mostra otimismo do empresariado
Do Diário do Grande ABC
29/04/1999 | 18:29
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Os empresários brasileiros voltaram a ter confiança no bom desempenho da economia e suas expectativas com relaçao aos próximos seis meses também apresentaram uma melhora sensível. Essas sao as conclusoes de uma pesquisa realizada pela Confederaçao Nacional da Indústria (CNI) no primeiro trimestre deste ano, com 807 empresas, entre pequenas, médias e grandes. A pesquisa, realizada pela Unidade de Política Econômica da CNI entre o fim de março e o início de abril, mostra que os três primeiros meses de 1999 foram um dos piores períodos da crise que começou na metade do ano passado, com a moratória da Rússia.

Cerca de 88% dos grandes empresários e 83% dos pequenos e médios disseram que as condiçoes da economia pioraram no fim do primeiro trimestre em relaçao aos seis meses anteriores. A maior parte disse já estar sentindo os efeitos da recessao, com quedas na produçao e no faturamento.

O presidente da CNI, senador Fernando Bezerra, disse nesta quinta-feira, ao divulgar a pesquisa, que a tendência de deterioraçao da situaçao financeira se manteve no primeiro trimestre. A lucratividade (relaçao preço-custo) das indústrias caiu menos no período, mas a liquidez ficou mais restrita em 1999, assim como a situaçao financeira global das empresas.

O chefe da Assessoria Econômica da CNI, José Guilherme Reis, disse que a pesquisa, que se refere ao primeiro trimestre deste ano e mostra uma melhora sensível na expectativa dos empresários para os próximos seis meses, "evidencia que o pior já passou". Segundo ele, os dados da CNI mostram que está em curso uma retomada do aquecimento da economia. Ele disse, também que os investimentos de curto e médio prazos, cujas negociaçoes haviam sido iniciadas antes da crise e foram interrompidas em funçao dela, já estao sendo retomados. Segundo ele, somente os investimentos de longo prazo, que ainda dependem de uma decisao empresarial, é que estao sendo tratados com cautela.

Melhora - Em relaçao ao comportamento da economia nos próximos seis meses, os industriais entrevistados desenharam um cenário otimista. A pesquisa constatou uma perspectiva de forte melhora nas exportaçoes, especialmente entre as grandes empresas. Também 31% das pequenas e médias empresas, que nao exportam, informaram ter decidido começar a operar no comércio externo. Os empresários também disseram que os juros altos continuam sendo o principal problema enfrentado pelas grandes indústrias.

A importância da reduçao da demanda cresceu na lista de preocupaçoes dos empresários. Esse item estava em quarto lugar no trimestre anterior e subiu para o segundo lugar. Para as pequenas e médias empresas, a maior queixa foi a carga tributária, ficando os juros em segundo lugar.

Câmbio - A pesquisa da CNI também avaliou os impactos da desvalorizaçao cambial e apurou as conseqüências da mudança no câmbio em diversos aspectos, como a evoluçao dos custos e preços o uso dos insumos importados, a concorrência com produtos importados e o desempenho exportador. Quase 80% dos entrevistados acredita que a taxa de câmbio deverá equilibrar-se entre R$ 1,60 e R$ 1,80, com uma média de R$ 1,70 no fim do semestre. Essa indicaçao prevaleceu especialmente entre as grandes empresas.

Embora mais de 90% dos entrevistados afirme que os custos vao aumentar, a desvalorizaçao deve afetar mais o custo das grandes empresas. Entre os entrevistados, 42% dos grandes disseram que seus custos vao aumentar muito, enquanto apenas 33% das pequenas e médias empresas acreditam que acontecerá o mesmo.

Para 70% das pequenas e médias e para 78% das grandes empresas, o aumento de custos será repassado de forma parcial aos preços. Entre as grandes empresas, 66% disseram que os custos serao assimilados por meio da reduçao de custos e aumento de produtividade, enquanto 12% esperam uma queda na lucratividade. Entre as pequenas, a proporçao dos que esperam uma lucratividade menor aumenta para 30%. A intençao de repasse integral de custos é bastante baixa: 14% nas pequenas e médias e 10% nas grandes. Importados - A pesquisa industrial da CNI indica também que a participaçao de insumos importados deve cair mais nas grandes empresas nos próximos seis meses. O uso desses componentes é menor nas pequenas e médias, sendo que 30% delas nao utilizam insumos importados. Entre as pequenas e médias 43% pretendem manter inalterada a participaçao dos importados nos insumos totais que utilizam e 25% pretendem substituí-los por insumos domésticos. As grandes empresas afirmaram também que farao uma substituiçao maior dos insumos importados, sendo que 57% afirmaram querer mudar de fornecedor.

A expectativa quanto a reduçao na concorrência dos produtos importados depende do tamanho do entrevistado. Para 27% das pequenas e médias empresas entrevistadas haverá concorrência dos importados. Mas 40% dos entrevistados acreditam que a concorrência deverá diminuir. A maioria dos líderes das grandes empresas acredita que a concorrência vai diminuir, sendo que para 13% a reduçao será grande. O impacto esperado da desvalorizaçao sobre as exportaçoes é maior sobre as grandes empresas. A maioria absoluta, 95% das grandes empresas, espera aumentar suas exportaçoes, sendo que 25% acham que será um grande aumento. Entre as pequenas e médias 79% esperam aumentar a exportaçao, sendo que 31% que nao exportam disseram que pretendem exportar a partir de agora.




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