O espetáculo infantil, mas muito recomendável para o público adulto, Panos e Lendas é a atraçao deste domingo no Teatro Elis Regina, em Sao Bernardo. O texto, escrito por Vladimir Capella e dirigido por Chiquinho Cabrera, ambos de Sao Caetano, narra a história da criaçao do mundo, por meio de cantigas, brincadeiras, contos e lendas brasileiras. A montagem encerra sua temporada anual e é a única agendada para o Grande ABC neste fim de ano. Depois, só volta a ser apresentada a partir de 15 de janeiro, em Sao Paulo.

Panos e Lendas é, segundo Cabrera, um espetáculo dinâmico, que mistura encenaçao teatral e música para contar a história de Caru e Rairu. Esses personagens sao pai e filho e, logo na primeira cena, Caru convida o menino a ir conhecer o mundo, mas este se diz muito cansado e sem vontade. O pai o convence e, entao, eles partem para a aventura da descoberta.

É aí que surgem outros personagens, levando ao público as histórias contidas em lendas e contos brasileiros. Os protagonistas só reaparecem na cena final, quando o pai já está idoso, situaçao que marca o momento de o menino o convidar para conhecer o mundo.

Esta é a terceira montagem do texto de Capella. A primeira é de 1978 e a segunda de 1990, feita pelo próprio autor. A atual tem um importante dado: é a primeira que Capella coloca nas maos de outro diretor. Basicamente, ela permanece com a mesma estrutura da original. O espetáculo só ficou com uma velocidade um pouco maior. "Acho que essa mudança corresponde à realidade, porque as crianças de hoje vivem em um mundo onde as informaçoes chegam muito rápido", argumenta.

Uma característica que Cabrera preservou, atendendo pedidos de Capella, é o figurino. É que, nesta montagem, ele deixa de ser mero adereço para se tornar instrumento para o entendimento. Como o próprio nome diz, sao os panos que ajudam a contar as lendas, de uma maneira mágica.

Cada um dos atores entra no palco vestindo várias batas, uma por cima da outra. No decorrer da encenaçao, eles se despem dessas roupas. Portanto, a cada mudança, o ator passa a viver um personagem diferente. "Esse é o grande trunfo da peça", afirma Cabrera.

Praticamente todo o elenco toca algum instrumento e canta, o que também dá mais agilidade à peça. "Muita gente acompanha as músicas, porque elas sao conhecidas. Há muitas cantigas de roda, como Terezinha de Jesus e Tutu Marambá", diz Cabrera. O diretor acrescenta que, embora a peça seja considerada infantil, os adultos sao muito bem-vindos: "Os textos do Capella nao sao só para crianças. Isto é uma característica de seu trabalho".