Os chefes de executivos estaduais querem boicotar a votaçao da Lei de Responsabilidade Fiscal no Senado a fim de barganhar com o governo a liberaçao de uma parcela adicional de R$ 400 milhoes como compensaçao de perdas decorrentes da Lei Kandir neste ano. Entre os pontos divergentes dos governadores em relaçao à Lei Fiscal estao a inclusao dos precatórios (dívidas judiciais) no cálculo das dívidas dos estados, a limitaçao para realizar operaçoes de crédito e a possibilidade de ampliaçao dos gastos do Legislativo e do Judiciário através das Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDOs).
No Palácio do Planalto a avaliaçao também é de que qualquer mudança na lei agora é impraticável porque resultaria em atrasos na adoçao das regras de responsabilidade fiscal. " Para nós é muito mais importante que a lei entre em vigor imediatamente da forma como está. Eventuais aperfeiçoamentos poderao até ser feitos, mas só no futuro", diz um assessor da equipe do presidente.
A maior preocupaçao do Executivo federal é com as eleiçoes municipais de outubro. Ainda que os argumentos dos governadores sejam defensáveis, o poder central nao quer pôr em risco os compromissos fiscais projetados para este ano. O Planalto considera que, se reabrir a negociaçao em torno da lei, ficará ameaçado de ver as contas municipais ficarem sem controle neste ano eleitoral, jogando no ralo a parte do ajuste debitada das prefeituras.
Os governadores do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PDT), e do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (PSDB), advertiram que a Lei de Responsabilidade Fiscal, da forma como está, nao resolve as divergências com os poderes Legislativo e Judiciário dos Estados, pois permite que eles exerçam pressao para aumento de repasses.
Outro acordo que os governadores pretendem negociar com o governo é em relaçao ao encontro de contas e à capitalizaçao dos fundos de pensao. Eles exigem que parte das dívidas dos estados com a Uniao sejam utilizadas para capitalizar os fundos de pensao. A Uniao tem ainda dívidas da previdência junto aos estados que poderia ser abatida.
No Senado, os governadores vao ter que comprar briga com políticos de peso. O presidente da Casa, Antonio Carlos Magalhaes (PFL-BA), já deixou claro que é absolutamente favorável à aprovaçao da Lei de Responsabilidade Fiscal com agilidade, conforme espera o governo federal. "Hoje, a demanda por responsabilidade fiscal é nacional. A sociedade está ciente de que é preciso ter responsabilidade com os recursos públicos", argumentou Arnaldo Madeira. O líder do governo na Câmara acredita que a vinda dos governadores é legítima, mas é preciso "ver o que querem".
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