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Al Gore está em dilema com Clinton
Do Diário do Grande ABC
09/08/2000 | 10:19
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O vice-presidente Al Gore, que cresceu politicamente sob a sombra tutelar de Bill Clinton, deverá agora, como candidato à Casa Branca, encontrar a forma de afastar-se sutilmente de seu mentor, sem ao mesmo tempo renegar as conquistas da era Clinton.

Trata-se de um verdadeiro dilema para Gore, nos momentos em que se aproxima sua confirmaçao oficial como candidato na convençao democrata, que se realizará na próxima semana em Los Angeles.

Da capacidade que Gore demonstrar para manter distância de Clinton dependem em boa parte suas possibilidades de ganhar a eleiçao presidencial de 7 de novembro, estima a maioria dos analistas políticos.

``Este é seu grande desafio. Ele deve colocar a seu favor tudo o que vale a pena e ao mesmo tempo provar sua independência', assinala Eric Davis, politólogo do Middlebury College em Vermont (Nordeste).

Gore, cuja campanha dá a impressao de vacilar, apesar de sua esmagadora vitória nas eleiçoes primárias, deve tentar consolidar a base eleitoral democrata e reivindicar os sucessos de Clinton, manter o ritmo de prosperidade e insistir nas divergências com os republicanos.

Um primeiro indício desta tática deu ao designar ontem como seu companheiro de chapa o senador Joseph Lieberman, marcando assim distância do comportamento moral de Clinton e neutralizando os republicanos nesse terreno.

Lieberman foi o primeiro no Partido Democrata a denunciar o vínculo entre Clinton e Monica Lewinsky, depois de mentir aos norte-americanos, e goza de uma reputaçao de homem íntegro. Mas o exercício dos democratas é delicado e a margem de manobra estreita.

Apesar dos escândalos que mancharam seu governo, Clinton continua gozando de uma aceitaçao de 57% da populaçao, que tem uma opiniao favorável de seu trabalho.

Para Stephen Hess, do Instituto Brookings de Washington, ``Clinton continua sendo bem aceito pela opiniao pública por seu trabalho. O mandatário ainda é capaz de desencadear o entusiasmo quando faz campanha e sabe como reunir muito dinheiro para a campanha eleitoral do partido'. O candidato a vice na chapa republicana, Dick Cheney, assinalou pontualmente o problema: ``Gore tentará manter distância em relaçao a seu mentor (Clinton), mas de certo modo nao se pode pensar em um sem estar ligado ao outro'.

Para ajudar a livrar-se desta sombra, mas ao mesmo tempo aproveitando-a, os estrategistas de Gore planejaram cuidadosamente os papéis durante a convençao de Los Angeles.

Assim, na segunda e na terça-feira, a convençao enfatizará os êxitos, especialmente econômicos, da administraçao Clinton-Gore, para depois insistir na figura de Gore, o homem e sua trajetória, e terminar na quinta-feira em forma apoteótica com o discurso de aceitaçao da candidatura democrata.

Clinton e sua esposa Hillary, candidata ao Senado pelo Estado de Nova York, terao para eles o dia da abertura da convençao, 14, quando discursarao numa espécie de adeus oficial aos democratas.

Ao término da convençao, Clinton acompanhará Gore a Michigan (Centro-Oeste), um Estado chave na campanha presidencial, para passar de forma simbólica a tocha do presidente ao candidato, uma fórmula utilizada com sucesso em 1988 por Ronald Reagan com seu entao vice, George Bush, pai do atual candidato republicano.




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