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Cosméticos com pedras preciosas é nova aposta da indústria
Da AFP
22/12/2007 | 14:41
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Matérias-primas de joalheiros, o ouro e as pedras preciosas vêm sendo cada vez mais utilizados pelas marcas de cosméticos para a fabricação de cremes que prometem retardar o envelhecimento e dar brilho à pele.

A lista é longa: creme de diamante antienvelhecimento, rubi ou safira para estimular a "síntese de colágeno", creme energizante com "nanopartículas de ouro".

"Cada vez mais, temos marcas que desenvolvem fórmulas com pedras preciosas", constatou um porta-voz da rede de distribuição de produtos de beleza Séphora.

A idéia não é nova, lembrou Annick Le Guérer, autora de uma história de perfume: "Já no Egito faraônico, a colônia do mineral divino, um produto para regenerar a pele, continha substâncias aromáticas, de ouro, prata, turquezas e lápis-lazúli".

A marca Chantecaille comercializa desde o início de dezembro um "creme energizante com nanopartículas de ouro" em pote de 50ml vendido a 365 euros. Ela garante benefícios "antioxidante e antienvelhecimento naturais de ouro puro", também antiinflamatório, antibactericida, desintoxicante, que estimula a circulação do sangue.

Chrystelle Lannoy, ex-responsável de marketing da Clarins e apaixonada por pedras preciosas, criou a Gemology, uma marca de cosméticos especializada em cremes de cuidados com a pele à base de pedras preciosas, que está à venda desde o início do ano.

"Utilizamos em nossa linha 16 pedras preciosas e semipreciosas", disse Lannoy. "Precisamos de três anos para conseguir extrair o que nos interessava para a pele: os oligo-elementos", acrescentou.

Segundo a marca, o rubi, ingrediente de um creme para pele mista, ou a safira, utilizada num creme para pele sensíve, contém ferro que favorece a "produção de colágeno".

A joalheria Bulgari acaba também de lançar uma linha de cosméticos com a colaboração de Jean-Paul Marty, professor de dermofarmacologia da Universidade Paris XI.

Marty desenvolveu uma fórmula com três pedras finas: ametista, citrino e topázio, contou Daphné de Sainte Marie, porta-voz da Bulgari na França.

O joalheiro afirmou ter criado "um princípio ativo revolucionário que explora cientificamente as propriedades naturais das pedras preciosas para que elas transmitam seu esplendor para a pele".

Para o especialista em pedras preciosas Benjamin Rondeau, professor e pesquisador da Universidade de Nantes, isto ainda precisa ser muito pesquisado. "Eu nunca vi nenhum estudo médico ou farmacêutico que possa afirmar que o uso de pedras preciosas pode melhorar a pele".

"Usamos palavras científicas para dizer que sabemos das coisas e falamos besteira num discurso de marketing", disse.

"Já no Renascimento (o cirurgião francês) Ambroise Paré dizia que era inútil colocar ouro, prata e pedras preciosas em soluções aromáticas, que isso não servia para nada", lembrou Le Guérer.

O uso de pedras preciosas foi "abandonado nos séculos XVII, XVIII, XIX e mesmo no século XX". "Se a moda está voltando é porque as marcas estão com dificuldades de vender seus produtos", comentou Le Guérer. "A imagem do luxo ligado à perfumaria se perdeu e elas estão fazendo um grande esforço para renovar com o lucro, para vender mais", continuou.




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