A candidata do PT à Prefeitura de Sao Paulo, Marta Suplicy, classificou domingo seu adversário, Paulo Maluf (PPB), de mitônamo (pessoa com desvio de personalidade marcado pela tendência a mentira). A afirmaçao foi feita ao comentar o programa eleitoral gratuito do pepebista no rádio, que apresentou ontem dois atores, imitando Luiz Inácio Lula da Silva e Marta, conversando. Lula diz: "Companheira madame, estao falando por aí que você é a candidata que nao gosta de pobres". E Marta responde: ``Imagina. Aqui em casa todo mundo é pobre. O companheiro mordomo é pobre. O companheiro jardineiro é pobre..."

"O Maluf é tao mitômano, mentiroso contumaz, que você fica sem saber o que fazer com ele. Cada dia é uma coisa nova", afirmou Marta. "Primeiro ele disse que eu ia acabar com o Leve-Leite. Hoje (domingo) mesmo eu recebi um telefonema de uma pessoa da Zona Leste querendo saber se eu ia acabar com o Leve-Leite e eu reiterei que nao", disse a candidata do PT.

Para Marta, Maluf tem tentado mostrar no horário eleitoral que é o candidato dos pobres, mas "ele usa os pobres demagogicamente". A candidata do PT recorda que seu adversário declarou um patrimônio dez vezes maior que o dela.

"Todas as obras que ele diz que sao maravilhosas foram feitas a 10 km do lugar em que ele mora e eu também moro, mas nao fui eu quem fez essas obras", afirmou. "Nao faria aqui esse investimento do porte que ele fez esquecendo todo o resto da periferia. Basta ver onde ele investe. Onde aumenta o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Nos Jardins ele aumentou o IPTU em 12%, na Zona Leste em 28% e na Zona Norte em 31%".

A candidata do PT aproveitou o domingo para descansar e se preparar para o primeiro debate do segundo turno das eleiçoes, marcado para esta segunda à noite, na TV Bandeirantes. Durante a manha, ficou em casa. No início da tarde saiu para caminhar rapidamente com o marido, o senador petista Eduardo Suplicy, nas imediaçoes de sua residência, no Jardim Europa.

Marta disse estar tranqüila para o primeiro "confronto" com Maluf. "Eu me saio melhor em debate do que o Maluf. Meu passado é um livro aberto, nao tenho processos de corrupçao como ele". A candidata do PT disse acreditar que Maluf nao vai partir para ataques pessoais. "Eu estou duvidando que ele vá fazer isso", afirmou. "Está pegando tao mal para ele e isso tem se revelado nas pesquisas. A falta de respeito com uma mulher é tao grave que eu acho que ele vai se limitar a fazer perguntas sobre propostas."

Campanha - O segundo dia do programa eleitoral gratuito de Maluf, seguiu o mesmo tom morno apresentado no programa de sexta-feira. Maluf insistiu na estratégia de nao utilizar o programa para polemizar com sua adversária, Marta Suplicy, do PT, como tem feito em entrevistas a jornais e emissoras de televisao, mas Maluf insistiu na tecla em que tem batido nos últimos dias: o confronto entre sua experiência como administrador e a suposta inexperiência de Marta. Maluf relacionou projetos realizados para as populaçoes pobres em sua administraçao na prefeitura de Sao Paulo. Na mesma linha, prometeu construir piscinoes e solucionar o problema das enchentes nos bairros da periferia. De quebra, prometeu construir avenidas sobre os córregos canalizados e "urbanizar os bairros".

Só no final, ele disparou farpas contra o PT apresentando notícias de jornais, segundos as quais Marta utilizaria parte do secretariado da ex-prefeita Luiza Erundina, hoje do PSB, para compor seu governo caso seja eleita.

Já o programa da petista Marta Suplicy, nao mencionou o nome de Maluf, sequer indiretamente, nem induziu o telespectador a comparar os concorrentes. A propaganda da petista apresentou as propostas da candidata, especialmente em relaçao ao combate ao desemprego. Marta mostrou o programa "bolsa-trabalho", destinado aos jovens que pretendem ingressar no mercado de trabalho e o programa "`começar de novo", para quem tem acima de 40 anos e quer retornar ao mercado. A propaganda eleitoral na de Marta Suplicy mostrou, ainda, o programa "banco do povo", que financia pequenos negócios e já foi implantado em Porto Alegre, RS, pelo prefeito Tarso Genro, também do PT.