A Prefeitura de Mauá cortou o café da manhã de todos os funcionários do Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini. Desde ontem, os servidores da unidade de Saúde perderam o direito de comer, entre 6h e 8h, pão com manteiga e café com leite no início ou término da jornada de trabalho no hospital.

Procurados ontem para comentar o assunto, o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), e o vice-prefeito e secretário de Saúde, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), não retornaram aos telefonemas da reportagem. Não é a primeira vez que o petista suspende café em serviços da Prefeitura (leia mais abaixo).

A administração afixou cartaz no hospital informando sobre o fim da primeira refeição de boa parte dos servidores a partir de ontem. Ainda assim, muitos trabalhadores foram pegos de surpresa com o cancelamento. "Não sabemos como vai ser. Hoje (ontem), eu tive de tomar o café aqui na frente", contou uma funcionária do Nardini. "Até segunda ordem, está suspenso. Acho que a maior parte vai trazer o café de casa", declarou outra servidora. Os trabalhadores não sabiam explicar o fim do benefício.

No aviso, a Prefeitura de Mauá alega que o fornecimento de café e pão não consta no contrato assinado em dezembro de 2009 entre a administração municipal e a empresa Le Barom Alimentação.

O Diário procurou a supervisora de nutrição do Hospital Radamés Nardini, Orleide Félix de Matos (que assinou o documento afixado no hospital), mas ela não quis dar explicações sobre o corte na alimentação dos funcionários.

Desde 2006, a Le Barom Alimentação e Serviços Ltda., de Santo André, fornece as refeições para os servidores do hospital Nardini, incluindo café, almoço e jantar.

No fim do ano passado, a administração renovou o acordo, mas diminuiu os custos. Segundo o advogado da empresa, Antônio Carlos da Silva Duenas, o governo de Oswaldo Dias reduziu de R$ 2,7 milhões anuais para R$ 2 milhões. Por conta disso, a Prefeitura determinou o enxugamento do cardápio servido aos trabalhadores da unidade de Saúde de Mauá. "Se eles falarem para cortar o café, a gente tem de fazer", explicou o advogado da Le Barom.

TERCEIRIZAÇÃO - O novo capítulo da novela envolvendo o Nardini - que deve passar a ser administrado por outra entidade ainda neste mês, como quer a Prefeitura - soma-se aos conhecidos problemas do local: enormes filas de espera para atendimento e condições precárias de estrutura.

Mauá também cortou serviço no terminal

O corte de benefícios no Hospital Radamés Nardini não foi o único caso em que os trabalhadores perderam o direito ao café da manhã em Mauá. No começo do ano passado, a administração cortou sem aviso prévio o programa Café Comunitário do Trabalhador.

As refeições, servidas no terminal rodoviário do município entre 4h e 7h30, eram gratuitas. Cerca de 3.000 pessoas podiam, diariamente, comer pão com margarina, além de café ou chocolate quente. O serviço voltou, de forma discreta, somente no segundo semestre.

O serviço começou em dezembro de 2007, na gestão de Leonel Damo. A continuidade do Café Comunitário, inclusive, foi uma das promessas de campanha do atual chefe do Executivo, Oswaldo Dias (PT).

Ainda na linha de promessas eleitorais, em 2009 a administração de Oswaldo Dias contratou várias empresas para fornecer alimentos e bebidas às escolas municipais. O objetivo - que acabou não sendo alcançado - era diminuir os gastos que a gestão de Damo tinha com a empresa Gourmaître Cozinha Industrial e Refeições, que servia a merenda.

Por problemas de entrega dos fornecedores, em setembro os estudantes ficaram cerca de duas semanas comendo apenas sopa e salsicha, o que foi alvo de críticas dos pais dos alunos.