Os custos das matérias-primas deram um salto após a mudança cambial. Até agosto, papel e papelao subiram 39%, produtos químicos 37%, borracha 30%, tintas e vernizes 26%. O aço já teve dois reajustes de 19% após a mudança cambial e mais 12% no segundo semestre. O alumínio já acumula alta de 38%. Segundo Butori, os produtores querem novos aumentos.
Além disso, as indústrias tiveram de absorver os aumentos de tarifas autorizados pelo governo, como o dos combustíveis, que atingiu 48% e da energia elétrica, de 22%.
Em funçao das pressoes de custos, as montadoras já reajustaram os preços dos carros em 25%, na média deste ano. Só que o reajuste médio das autopeças ficou em 8%. "O setor está no meio de dois oligopólios, o dos produtores de matérias-primas e as montadoras", reclama Butori.
Para ele, o mercado automobilístico real seria inferior ao previsto para este ano, de 1,25 milhao de unidades. "As montadoras estao subsidiando o mercado e quem paga a conta sao as autopeças e concessionárias", acusa. De acordo com Butori, as montadoras nao aceitam negociar reajustes para evitar aumentos maiores de preços, que reduziriam ainda mais as vendas, e, com isso, estao comprimindo as margens das autopeças e revendas.
"As montadoras estao trabalhando com os cotovelos. Nós precisamos repartir melhor esse prejuízo. O poder das montadoras em determinar quem ganha e quem perde no jogo é desigual", ironizou.
Os dados do Sindipeças indicam que a o setor vai faturar este ano US$ 10 bilhoes, uma queda de 32% em relaçao ao ano passado. Descontando a desvalorizaçao do Real, a retraçao é de 10%, afirma Butori. O maior problema, aponta, é que a capacidade ociosa nas empresas já chega a 55%. "O pior do mundo para o setor sao os volumes baixos de produçao, que fazem os custos crescer", afirma.
Mesmo os resultados no comércio exterior nao contribuíram para melhorar o desempenho do setor, que começou o ano otimista em funçao da celebrada desvalorizaçao do Real. As autopeças terminam o ano com superávit de apenas US$ 50 milhoes, resultado insignificante em relaçao à expectativa inicial, que era de US$ 1 bilhao. A crise argentina foi o principal motivo da queda. As vendas para o país vizinho representavam 29% do total exportado pelo setor no ano passado. Este ano a participaçao caiu para 19%. Em volume, as exportaçoes foram 50% inferiores, caindo de 1,06 bilhao para algo em torno de US$ 500 milhoes, avalia Butori.
Os investimentos no setor, que mantiveram uma média anual de US$ 1,3 bilhao desde 1995, também despencaram. Este ano ficaram em US$ 1 bilhao e a previsao é de uma ligeira alta, de 10%, para o ano que vem. O nível de emprego mantém-se estável desde o ano passado. A expectativa, analisa Butori, é de que o setor mantenha no ano que vem os atuais 167 mil empregados.
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