Após o feriadão de Carnaval, os integrantes da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios iniciarão nesta quinta-feira os procedimentos para o acesso aos dados do sigilo bancário do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos. A autorização para conseguir tais informações foram conseguidas somente na semana passada pela Justiça norte-americana – apesar do fato de os dados já estarem sob o poder do Ministério da Justiça do Brasil desde novembro do ano passado.

O primeiro passo a ser dado pela comissão será uma reunião com o diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, Antenor Madruga, no Ministério da Justiça. O relator-adjunto da CPMI, deputado Maurício Rands (PT-PE), adiantou que a investigação se restringirá aos dados já apurados pela Justiça norte-americana. "Vamos estabelecer os procedimentos de como é que vamos manusear essa papelada, com a cautela de manter o compromisso de discrição", disse Rands.

Subsídio – Os dados sigilosos de Duda Mendonça são considerados fundamentais na reta final dos trabalhos da comissão e darão subsídios para um novo depoimento do publicitário. Na primeira vez em que depôs, no ano passado, Duda admitiu a abertura de uma conta nas Bahamas para receber R$ 10,5 milhões do caixa dois do PT, dentro de um esquema supostamente montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. A revista Veja publicou que o publicitário tem outra conta, em Miami, que também é objeto de investigação.

Processo longo – Maurício Rands destacou que o rastreamento de contas no exterior é um processo longo e complexo. Por esse motivo, não será possível concluí-lo antes da apresentação do relatório final, prevista para 20 de março. A fim de adequar a investigação do caso aos trabalhos da comissão, o relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), pretende delimitar a análise ao suposto envolvimento do publicitário com o "valerioduto". "Eu, pessoalmente, acho que o Duda deve ter - é uma suposição e, por isso, precisaríamos investigar - muito mais comprometimentos do que esse do Marcos Valério. Nós investigamos o Duda enquanto objeto do 'valerioduto'", disse o relator.

Acesso restrito – Além de Osmar Serraglio e de Maurício Rands, apenas outros dois parlamentares da CPMI terão acesso aos dados sigilosos de Duda Mendonça: o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator-adjunto deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).