Arranjos florais, pulseiras, doces e utensílios para a casa. Não adianta negar. É difícil encontrar alguém que nunca tenha entrado, pela menos uma vez, nas famosas lojas de R$ 1,99. Esse tipo de comércio, que viveu seu auge em 1995, no início do Plano Real, resiste ao tempo e mantém hoje uma clientela de todas as idades e classes sociais. Segundo consumidores, após a primeira visita, o preconceito é deixado de lado e nota-se que ali há produtos de qualidade e sempre um que combina com a sua necessidade.

A loja Magazine Fur - A partir de R$ 1, no Centro de Santo André, pertence ao empresário Masataka Ota, que foi o criador da primeira loja R$ 1,99 no Estado de São Paulo, inaugurada em 1995 na capital. Hoje, ele possui oito delas, três no Grande ABC.

Na Magazine, segundo a gerente Maria da Soledade Carvalho Santana, há 2,4 mil itens que, quando não custam R$ 1, têm um preço menor do que o do mercado. “Tem sempre novidades”, disse.

Quem freqüenta aprova a qualidade dos produtos. “Eu compro sempre. Tem vasos lindos que encontramos por R$ 1 e por aí é R$ 3, R$ 5. Tem produtos de qualidade”, disse a aposentada Odette Martinez, que mora em São Bernardo. Para a arquiteta Andreia Crystal, que olhava arranjos na loja nesta semana, há itens diferentes e com bons preços. “Eles vendem barato porque visam o giro rápido e com isso achamos itens como uma estátua de gesso já pintada por R$ 2, que é o preço dela sem nada. Já encontrei plantas por R$ 2 que em feiras custavam R$ 13”, disse.

Os homens também se interessam, especialmente por ferramentas. “Já comprei chave de fenda, alicate, jogo de chaves e de brocas. Pesquisei em loja de material de construção, mas aqui é mais em conta e tem qualidade”, afirmou o encarregado de segurança José Carlos Reis.

Outra loja, a Real Mix, também no Centro de Santo André, investe no mix de alimentos e itens de decoração para festas, tudo pelo preço único de R$ 1. “Os shoppings têm de vender mais caro porque pagam aluguel. Nosso custo é mais baixo, por isso dá para vender”, disse a proprietária, Yoshie Rosa Matsunaga.

Na loja, a dica é aproveitar os itens para decoração de festas, como embalagem com 400 canudinhos para refrigerante por R$ 1. No mesmo valor, copos plásticos, bandeja, guardanapos etc. “Muitos lojistas vêm aqui e compram para revender”, disse o vendedor Luís Fernando Gomes. Segundo ele, o público é de todas as classes sociais, adultos e idosos. “Os jovens preferem os shoppings, por causa das marcas.” Os clientes aprovam a qualidade dos produtos e, especialmente, o preço. A professora Patrícia Marques, que diz comprar sempre neste tipo de loja, comprou um porta-retratos. “Na loja de fotos perto de casa custa R$ 4, aqui está por R$ 1. Vale a pena”, disse.  

A Mil Coisas Presentes, em Santo André, é outra loja do segmento. Desde setembro passado ela pertence à empresária Elenir Scursel, que decidiu investir porque já era uma consumidora assídua de lojas R$ 1,99. “Via que sempre tinha movimento.” Agora ela planeja acrescentar no título da loja o A partir de R$ 1 para ampliar o leque de produtos. Na loja, os itens custam entre R$ 1 e R$ 2, e o diferencial é que possuem marcas conhecidas, como Maggi e Nestlé, e objetos de vidro da Santa Marina e da Cisper. Entre os produtos à venda, pacote dois em um de macarrão instantâneo por R$ 1, enquanto nos supermercados o preço médio é de R$ 1,50. Os itens alimentícios estão entre os mais procurados, segundo ela. “Por dia vendemos 200 pacotes de pães”, disse.