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Milton Nascimento lança coletânea com 70 músicas em 5 CDs
Do Diário do Grande ABC
23/11/1999 | 17:27
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Este ano, Milton Nascimento visitou o passado. Em junho, estreou o show Crooner, relembrando os tempos em que andava pelos bailes da vida. Agora, fecha o ano com a coletânea "Uma Travessia Musical", que a Seleçoes Reader's Digest vai vender por telefone ou pela Internet. Sao 70 das melhores músicas de Milton, distribuídas em cinco CDs e, de brinde, um livreto em que, numa conversa com o parceiro e amigo Márcio Borges, ele abre o coraçao e fala de seu passado afetivo e musical.

A coleçao será lançada nesta quarta-feira à noite, num show de gala para 400 convidados no Copacabana Palace. Na semana que vem estará à venda por R$ 85,00. "Quem mais gostou foi meu pai, porque ele foi um dos primeiros assinantes da Seleçoes, nos anos 40, lá em Três Pontas", contou Milton na coletiva que deu na segunda-feira passada, para lançar a coleçao.

Milton estava inspirado. Benzeu-se antes de começar a falar e contou que foi difícil selecionar as 70 faixas dos cinco CDs. "Tenho 500 músicas", explicou. "Se me perguntarem qual delas está fazendo falta na coletânea, vou dizer que as outras 430."

A seleçao vai agradar. Feita de comum acordo entre Milton e o editor de música de Seleçoes, José Celso Guida, buscou os maiores sucessos, nas versoes que ficaram mais populares. No lugar de uma seqüência cronológica, optou-se por uma divisao temática que nem o próprio Milton soube explicar, mas que faz sentido para quem ouve.

Na entrevista com Márcio Borges, Milton conta como essas músicas aconteceram. "Passamos dois dias com o gravador ligado e temos tanto assunto que nao coube nesse pequeno livro", contou o compositor. Mesmo assim, Márcio misturou informalidade e informaçao, admiraçao explícita e imparcialidade, ao fazer Milton lembrar como começou a compor, sua amizade desde a infância com Wagner Tiso e a forma como começou a viver de e para a música.

A entrevista ficou comovente quando ele começou a falar da família: "Eu nao seria esta pessoa se nao tivesse sido criado numa família como a minha", disse ele emocionado. Ficamos sabendo, no livro, que seus pais, d. Lília e seu Josino, adotaram três crianças, até terem uma filha de sangue. Como eles sao brancos, Milton conta a história inventada para driblar o preconceito de Três Pontas, nos anos 40. "Eles diziam que, quando a cegonha me trouxe, teve de descer pela chaminé, pois a janela estava fechada."

Milton também contou que fecha o ano com um saldo positivo. Até dezembro, Crooner terá viajado por 40 cidades, do Brasil e da Europa e, no ano que vem, ele vai gravar um disco com Gilberto Gil. "Tivemos uma reuniao e já escolhemos duas músicas, "Cançao do Sal", a minha primeira música a ser gravada, e "Bom Dia", dele e da Nana Caymmi", adiantou Milton.Ele garante que gosta de trabalhar com outros músicos. "A primeira vez foi no primeiro Clube da Esquina, em 1972", lembrou. "Desde entao, todos os meus discos têm sido clubes da esquina porque vou atrás dos amigos para gravar com eles."




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