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Avamileno toma posse: 'o prefeito continua sendo o Celso'
Alexandre Costa
Do Diário OnLine
22/01/2002 | 18:38
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 Foto: Celso Luiz/DGABC O vice de Celso Daniel, João Avamileno, tomou posse na Prefeitura de Santo André na manhã desta terça-feira, em cerimônia marcada pela tristeza e a indignação. O plenário da Câmara Municipal ficou lotado por autoridades e moradores da cidade. O esquema de segurança no local contou com 35 guardas municipais e 10 policiais militares. Do lado de fora, no Paço Municipal, mais 20 policiais militares e 20 guardas municipais faziam a segurança.

Avamileno foi aplaudido de pé em sua entrada no plenário. Visivelmente emocionado, o novo prefeito chegou a chorar em diversos momentos. Antes do início da cerimônia de posse foram cantados os hinos nacional e da cidade de Santo André. Foi observado também um minuto de silêncio pela morte de Celso Daniel.

João Avamileno assinou o ato de posse às 10h37. Em seu primeiro ato ele determinou que o Parque Duque de Caxias, no bairro Jardim, mude seu nome para Parque Celso Daniel.

O prefeito empossado declarou que foi a cerimônia de posse “mais triste” da qual participou em sua vida. Avamileno disse que é “muito doloroso” se tornar prefeito desta forma, mas agradeceu “de coração” ao apoio que recebeu.

Ele disse ainda que vai tentar “cumprir” o que Celso Daniel “queria da nossa cidade”. Muito emocionado, o prefeito afirmou que está “sentado no lugar” de Celso. "Todos nós teremos de trabalhar em dobro, porque vamos substituir um companheiro insubstituível”, discursou.

Após a cerimônia de posse Avamileno defendeu a adoção da prisão perpétua no Brasil. “Hoje, há condenados por 30 anos de prisão que cometeram crimes graves e que, após cumprirem 10 anos, estão soltos”, justificou.

O prefeito declarou que sempre quis ter um cargo eletivo, “mas não desta maneira”. “Para mim, ele (Celso Daniel) continua sendo o prefeito”, sentenciou.

Sobre as investigações da morte de Celso, Avamileno criticou a decisão da Polícia Civil de transferir as investigações para o Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa. "Acho ruim que essa equipe comande as investigações porque até o momento eles não descobriram nada sobre o assassinato do Toninho (prefeito de Campinas, morto em setembro do ano passado)". O prefeito acredita que desta forma o assassinato de Celso Daniel não será esclarecido.

Avamileno disse também que o aumento da criminalidade no Grande ABC está relacionado à riqueza da região. “Os salários são bons e as empresas instaladas aqui são de grande porte. Isso atrai os bandidos". Declarações -Entre as autoridades presentes ao evento estavam o deputado federal Professor Luizinho (PT), os prefeitos de Diadema, José de Filippi Jr. (PT), e de Rio Grande da Serra, Ramon Velasquez (PT), o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, os deputados estaduais Wágner Lino e Vanderlei Siraque, ambos do PT, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Santo André, Antônio Carlos Cedenho.

João Francisco Daniel, irmão do prefeito Celso Daniel, participou da cerimônia, assim como a namorada do prefeito assassinado, Ivone Santana.

Após a posse de Avamileno, os companheiros de Celso Daniel começaram seus discursos. O deputado federal Luizinho chorou em muitos trechos de sua fala. Ele declarou que o Brasil perdeu “uma das maiores lideranças jovens”. O deputado afirmou também que Celso Daniel “nunca expressou ódio ou rancor” contra ninguém, mesmo com seus adversários políticos.

O deputado estadual Vanderlei Siraque era um dos mais emocionados. Ele parou seu discurso várias vezes para chorar a perda de Celso Daniel. O deputado disse que “era um orgulho dizer que era de Santo André”, por causa das administrações de Celso na cidade. “Não nos tiraram o que foi dado como exemplo”.

Os discursos também marcaram a indignação dos políticos do PT com os casos de violência contra os membros do partido. O prefeito de Diadema fez um discurso inflamado. Ele deu um prazo de três semanas para a polícia encontrar os assassinos de Toninho do PT, prefeito de Campinas, e Celso Daniel.

Filippi anunciou que se os assassinos não forem encontrados, “vamos fazer nossa Praça de Maio em frente ao Palácio dos Bandeirantes”, em referência às manifestações dos argentinos na principal praça de Buenos Aires durante a ditadura militar.

Outro político que se exaltou na cobrança por justiça foi o deputado estadual Wágner Lino. “Responsabilizo o governo de São Paulo pelas mortes de Toninho e do Celso”, disse.

O deputado declarou que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo é “incompetente”. Ele também denunciou os baixos salários da polícia e o desaparelhamento como motivos da escalada da violência em São Paulo.

Coube ao irmão de Celso Daniel fechar a cerimônia de posse do novo prefeito. João Francisco, que é médico, disse que sempre ficou afastado da política. Ele nunca tinha estado na Câmara de Santo André, apesar de seu irmão ter governado a cidade por nove anos.

Francisco afirmou que a política tem sido “decepcionante” para ele, especialmente após os problemas sofridos por seu pai, Bruno Daniel, durante sua administração, e pela morte de seu irmão.

João Francisco Daniel terminou seu discurso pedindo que os políticos da cidade: “Não decepcionem meu irmão, e acho que não vão decepcionar”.




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