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Fechamento de Chernobyl ainda é incerto
Do Diário do Grande ABC
25/04/2000 | 11:58
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Quatorze anos depois do mais grave acidente nuclear civil do planeta, dia 26 de abril de 1986 em Chernobyl, o fechamento da central nuclear ucraniana, previsto para fins de 2000, ainda é incerto, apesar da urgência.

Um diálogo de surdos se estabeleceu entre o Ocidente, que pede uma data precisa para que seja decretado o fim do funcionamento da central nuclear, e Kiev, que pede compensaçoes financeiras para fazer isso.

'Antes de mais nada é preciso fixar uma data', disse a secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright, quando visitou Kiev este mês.

Quando houve o acidente, uma explosao no quarto reator de Chernobyl lançou na atmosfera radioelementos de intensidade equivalente a 500 bombas da mesma potência da que foi lançada em Hiroxima.

Segundo dados oficiais, o acidente deixou um balanço de 15 mil mortos.

Kiev se comprometeu em 1995 ante o G7 (Grupo dos sete países mais industrializados) a desmantelar Chernobyl antes do final do ano 2000, em troca de uma ajuda de US$ 2,3 bilhoes.

A maior parte desses recursos deve servir para terminar a construçao de dois reatores nas centrais de Rivne e Jmelnitsky (Oeste da Ucrânia) para substituir a eletricidade fornecida até agora por Chernobyl.

O custo estimado da operaçao é de US$ 1,5 bilhao.

Mas o acordo se choca com a resistência de vários países europeus, entre os quais a Alemanha, que questiona o programa atômico ucraniano, considerando-o pouco seguro.

Outros, como Paris e Londres, defendem o projeto.

Chernobyl 'deve ser abandonada no interesse da humanidade', afirmou em Kiev no começo de abril o chefe da diplomacia britânica.

Por sua vez, Kiev encarregou seu Ministério da Energia de apresentar antes de julho o programa técnico para o fechamento de Chernobyl.

Um segundo programa deve ser elaborado antes de outubro sobre os aspectos sociais, destinado em especial à reconversao profissional dos 5.700 funcionários da central.

Depois do drama, acontecido há 14 anos, Chernobyl continua sendo uma verdadeira bomba-relógio.

De quatro reatores soviéticos do tipo RBMK, somente funciona o número três, mas está em sua última etapa de vida útil, enquanto os defeitos técnicos que apresenta o paralisam com freqüência.

O reator número dois foi desligado em 1991 em conseqüência de um incêndio e o número um foi declarado fora de serviço em 1996, no contexto de um acordo com o G7.

Os reatores RBMK em geral sao pouco confiáveis, seus vícios de concepçao os tornam instáveis e sua velocidade de desligamento de emergência é muito lenta (20 segundos). Além disso, estes reatores sao desprovidos de recinto de confinamento.

Outro problema é que a camada de cimento de 250 mil toneladas colocada imediatamente depois da tragédia para isolar o magma radiativo no coraçao do quarto reator apresenta atualmente numerosas rachaduras.

Apesar de tantas ameaças, a comunidade internacional tem grandes dificuldades, há anos, para reunir os US$ 758 milhoes necessários para reforçar a camada de cimento, chamada de 'sarcófago'.

Cerca de cinqüenta países prometeram doar US$ 45 milhoes e o G7 e a Uniao Européia (UE) US$ 300 milhoes. A Ucrânia deverá participar com US$ 50 milhoes.

Para tentar reunir os US$ 363 milhoes que faltam, será realizada uma conferência de países doadores em Berlim em meados de julho.




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