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Patrulha do Espaço pousa na área
Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
24/09/2008 | 07:15
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Ao contrário do que muitos pensam, o cenário musical roqueiro no Brasil começou bem antes da explosão de bandas na metade dos anos 1980. Em 1968, Os Mutantes lançaram seu primeiro álbum, abrindo portas para uma leva de bandas que surgiram na década seguinte em vários Estados. A maioria, com alta qualidade técnica. Uma delas é a lendária banda paulistana Patrulha do Espaço, formada em 1977 pelo baterista Rolando Castello Junior, ao lado do tecladista, vocalista e ex-Mutantes Arnaldo Baptista.

O conjunto pousa novamente sua nave na região para participar do projeto Caixa Preta do Rock, que acontece no teatro do Sesc Santo André na próxima sexta-feira, às 21h, com entradas entre R$ 5 e R$ 20.

A banda hoje conta com seu fundador Rolando Castello Junior nas baquetas, Marcelo Schevanno, na guitarra e voz, e o baixista Renê Seabra. Comemora seus 31 anos de estrada e divulga seu último trabalho, Capturados ao Vivo no CCSP, álbum gravado durante três apresentações no Centro Cultural São Paulo, em 2004, e lançado em 2007.

Convidativo, este show traz um apanhado da carreira da Patrulha do Espaço, dando ênfase às canções mais roqueiras. Os temas progressivos ficam um pouco de lado, até pelo fato de a formação ser um trio novamente, algo que não acontecia há muitos anos.

Ao longo das três décadas de vida, o grupo acumulou uma discografia que conta com 11 álbuns, sendo que dois deles são gravações de shows, um ainda com o ex-Mutantes, chamado Faremos Uma Noitada Excelente, e ainda, uma série de quatro CDs chamada Dossiê, com um bom apanhado da carreira da banda até o ano 2000.

A série traz ainda um belo trabalho gráfico com fotos de arquivo pessoal e a história da banda narrada pelo próprio baterista, como o momento em que eles se apresentaram ao lado do grupo Van Halen, em São Paulo, em 1983.

Trabalhando de forma independente, o trio sente na pele as dificuldades em se manter ativo. "A falta de empresários de rock no Brasil para bandas que fazem som como o nosso é um sério problema", diz o baterista Junior. "As bandas são competentes, mas a estrutura continua ruim, falta um circuito", completa o fundador.

Mesmo com os festivais para bandas independentes (que sempre incluem atrações não-independentes) espalhados pelo País, o baterista ainda acha que o espaço é tímido, principalmente para bandas que, como a dele, apostam na música setentista. "Se você não valoriza o passado, não há presente, e nem futuro, e o Brasil não cultiva memória cultural e política", diz Junior.

Apaixonado pelo som, o baterista admite: "O rock é para jovens, os mais velhos ainda o fazem porque amam a música. Há um certo ponto da vida em que você não pode mais se submeter a qualquer coisa."

Segundo Junior, a falta de oportunidade para que as bandas mostrem seus trabalhos, acaba limitando a opção de escolhas ao público. "A música da mídia popular acaba sendo a única opção para a maioria das pessoas, com exceção das que pesquisam pela mídia underground ou até mesmo em shows underground por algo diferenciado."

A Patrulha do Espaço pretende lançar em breve o quinto álbum da série Dossiê, que trará um apanhado dos álbuns Chronophagia, Compacto e Missão na Área 13, além de algumas faixas ao vivo das respectivas épocas e também uma versão produzida recentemente para a canção Senhor Empresário, originalmente gravada com Arnaldo Baptista.

"E para sexta, podem esperar aquela paulada de sempre", promete o baterista.

Patrulha do Espaço - Show que integra o Projeto Caixa Preta do Rock - No Sesc Santo André - Rua Tamarutaca, 302, Santo André. Sexta, dia 26, às 21h. Ingr.: R$ 5 a R$ 20.




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