DIÁRIO – Que avaliação o senhor faz deste primeiro ano de mandato?
RAMON VELASQUEZ – Rio Grande da Serra passou por uma situação atípica este ano e hoje eu pago um preço alto pelas denúncias e calúnias que me fizeram. Isto aconteceu quando alguns funcionários mandavam na administração, mas nós enfrentamos estas pessoas. Apesar das dificuldades e dos obstáculos daquele período, conseguimos atingir algumas metas previstas no plano de governo. Uma delas, e talvez a mais importante, foi a estabilidade econômica. Hoje nós sabemos qual é dívida do município, conseguimos organizar as plenárias do orçamento participativo e diminuímos a inadimplência dos contribuintes para 40%. Sabemos que este índice ainda é alto, mas vamos sensibilizar a população para colaborar com o crescimento da cidade, pois estamos convencidos em oferecer o melhor para Rio Grande da Serra.
DIÁRIO – Como o senhor pretende oferecer o melhor para a população com previsão de receita para 2002 de R$ 17 milhões?
VELASQUEZ – Nosso orçamento está longe da necessidade do município. Mas vale lembrar que vamos fechar este ano com a arrecadação na casa dos R$ 10 milhões. Este aumento no orçamento se deve à inclusão de Rio Grande no Programa de Modernização Administrativa e Tributária, do governo federal. Com isto, pretendemos ampliar a capacidade de tributação, fiscalização e atendimento, além da atualização da PGV (Planta Genérica de Valores), o que poderá alterar os valores do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Também criamos a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, que tem como principal objetivo atrair novos investimentos para o município e, como conseqüência, aumentar a arrecadação.
DIÁRIO – A participação da população foi fundamental nesta fase do governo?
VELASQUEZ – Sem dúvida. Por exemplo, foi através das plenárias sobre o orçamento que nós conhecemos as necessidades das pessoas e agora elas sabem onde o dinheiro dos impostos será investido, pois vamos atender às reivindicações que fizeram. Foi com o apoio da população que realizamos uma série de atividades de lazer na rua. Também promovemos a primeira Conferência Municipal de Saúde com a participação efetiva da sociedade. Isto contribui para melhorar a auto-estima da população. Não queremos mais aceitar o estigma de que Rio Grande da Serra é o primo pobre do Grande ABC. Queremos mostrar para todos que aqui também se discute políticas públicas de alto nível. Este ano coordenei a Câmara do ABC e o Consórcio Intermunicipal e isto contribuiu para a integração de Rio Grande na região.
DIÁRIO – E a contribuição do governo do Estado?
VELASQUEZ – Eu me surpreendi na semana passada quando soube que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) havia liberado uma verba no total de R$ 1,4 milhão do Fumef (Fundo Metropolitano de Financiamento e Investimento) para a pavimentação de 10 ruas em vários bairros da periferia. Ele havia autorizado o repasse de R$ 760 mil, mas depois que conheceu a realidade de Rio Grande – durante visita há duas semanas para inaugurações – acho que ele se sensibilizou com a situação da nossa cidade.
DIÁRIO – Além da estabilidade econômica, o senhor acredita que o município também tenha conseguido estabilidade político-administrativa?
VELASQUEZ – Os anos de 1997 a 2000 foram totalmente atípicos em todos os sentidos em Rio Grande e fizeram com que a cidade ficasse insuportável. Hoje nós até podemos ter divergências ideológicas, mas podemos comemorar a estabilidade política na administração e a maturidade no relacionamento com a Câmara Municipal. Com isto, podemos comemorar um final de ano com harmonia. Apesar das questões judiciais que estou envolvido, o município está em avanço.
DIÁRIO – Qual foi o momento mais crítico que o senhor passou neste ano?
VELASQUEZ – Foi a falta de verba para investir em Saúde, Educação e Serviços Urbanos para a manutenção da cidade. A mortalidade infantil, por exemplo, era altíssima. Hoje, graças a uma parceria com a pastoral da criança, conseguimos reduzir de 37 para 23 o número de crianças mortas por mil nascidas com vida. Quando assumi a Prefeitura, o Mova (Movimento de Alfabetização) tinha 57 alunos e hoje são 497. As agressões verbais e as acusações pessoais também foram difíceis de suportar.
DIÁRIO – E como foi a experiência de coordenar o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC?
VELASQUEZ – Descobri que um ano é pouco tempo. Apesar de ter passado quatro meses de turbulência, a experiência foi positiva porque consegui fazer uma integração qualitativa das cidades. A posse do governador como presidente do Conselho Deliberativo e a expectativa de assinatura de novos acordos foram pontos mais importantes deste mandato. Por isto, acho que minha contribuição foi importante. Aprendi e amadureci muito durante este período.
DIÁRIO – O que o senhor achou da decisão da Justiça sobre a morte do ex-prefeito José Carlos de Arruda?
VELASQUEZ – Eu me senti violentado com as acusações que me fizeram. Nunca tive nenhuma relação política com os acusados e também não teria nenhum benefício com a morte do Carlão. Acredito que os interesses nesta história são políticos. Espero que tenha havido justiça com a sentença. Espero que chegue logo o momento do meu nome ser divulgado como inocente. Preciso gritar isto bem alto e comemorar porque os que promoveram dúvidas ao meu respeito vão se frustrar.
DIÁRIO – Em algum momento estas acusações prejudicaram o seu trabalho?
VELASQUEZ – Na época das denúncias, discutíamos um projeto esportivo para que empresas investissem na cidade. Os empresários se assustaram com as acusações e desistiram da proposta. Porém, no momento oportuno vou cobrar com juros e correções estas acusações. Vou entrar na Justiça contra todos que me caluniaram.
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