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Ramon quer acabar com estigma de ‘prima pobre’
Regiane Soares
Do Diário do Grande ABC
15/12/2001 | 18:16
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O prefeito Rio Grande da Serra, Ramon Velasquez (PT), quer livrar a cidade que administra do estigma de prima pobre do Grande ABC. Segundo ele, a sua participação como coordenador do Consórcio Intermunicipal marcou o início do processo de integração do município na região e melhorou a auto-estima da população. “Queremos mostrar para todos que aqui também se discute políticas públicas de alto nível”, disse. Em entrevista ao Diário, Velasquez falou sobre as dificuldades de seu primeiro ano na Prefeitura e da estabilidade política e econômica que o município vive.

DIÁRIO – Que avaliação o senhor faz deste primeiro ano de mandato?

RAMON VELASQUEZ – Rio Grande da Serra passou por uma situação atípica este ano e hoje eu pago um preço alto pelas denúncias e calúnias que me fizeram. Isto aconteceu quando alguns funcionários mandavam na administração, mas nós enfrentamos estas pessoas. Apesar das dificuldades e dos obstáculos daquele período, conseguimos atingir algumas metas previstas no plano de governo. Uma delas, e talvez a mais importante, foi a estabilidade econômica. Hoje nós sabemos qual é dívida do município, conseguimos organizar as plenárias do orçamento participativo e diminuímos a inadimplência dos contribuintes para 40%. Sabemos que este índice ainda é alto, mas vamos sensibilizar a população para colaborar com o crescimento da cidade, pois estamos convencidos em oferecer o melhor para Rio Grande da Serra.

DIÁRIO – Como o senhor pretende oferecer o melhor para a população com previsão de receita para 2002 de R$ 17 milhões?

VELASQUEZ – Nosso orçamento está longe da necessidade do município. Mas vale lembrar que vamos fechar este ano com a arrecadação na casa dos R$ 10 milhões. Este aumento no orçamento se deve à inclusão de Rio Grande no Programa de Modernização Administrativa e Tributária, do governo federal. Com isto, pretendemos ampliar a capacidade de tributação, fiscalização e atendimento, além da atualização da PGV (Planta Genérica de Valores), o que poderá alterar os valores do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Também criamos a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, que tem como principal objetivo atrair novos investimentos para o município e, como conseqüência, aumentar a arrecadação.

DIÁRIO – A participação da população foi fundamental nesta fase do governo?

VELASQUEZ – Sem dúvida. Por exemplo, foi através das plenárias sobre o orçamento que nós conhecemos as necessidades das pessoas e agora elas sabem onde o dinheiro dos impostos será investido, pois vamos atender às reivindicações que fizeram. Foi com o apoio da população que realizamos uma série de atividades de lazer na rua. Também promovemos a primeira Conferência Municipal de Saúde com a participação efetiva da sociedade. Isto contribui para melhorar a auto-estima da população. Não queremos mais aceitar o estigma de que Rio Grande da Serra é o primo pobre do Grande ABC. Queremos mostrar para todos que aqui também se discute políticas públicas de alto nível. Este ano coordenei a Câmara do ABC e o Consórcio Intermunicipal e isto contribuiu para a integração de Rio Grande na região.

DIÁRIO – E a contribuição do governo do Estado?

VELASQUEZ – Eu me surpreendi na semana passada quando soube que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) havia liberado uma verba no total de R$ 1,4 milhão do Fumef (Fundo Metropolitano de Financiamento e Investimento) para a pavimentação de 10 ruas em vários bairros da periferia. Ele havia autorizado o repasse de R$ 760 mil, mas depois que conheceu a realidade de Rio Grande – durante visita há duas semanas para inaugurações – acho que ele se sensibilizou com a situação da nossa cidade.

DIÁRIO – Além da estabilidade econômica, o senhor acredita que o município também tenha conseguido estabilidade político-administrativa?

VELASQUEZ – Os anos de 1997 a 2000 foram totalmente atípicos em todos os sentidos em Rio Grande e fizeram com que a cidade ficasse insuportável. Hoje nós até podemos ter divergências ideológicas, mas podemos comemorar a estabilidade política na administração e a maturidade no relacionamento com a Câmara Municipal. Com isto, podemos comemorar um final de ano com harmonia. Apesar das questões judiciais que estou envolvido, o município está em avanço.

DIÁRIO – Qual foi o momento mais crítico que o senhor passou neste ano?

VELASQUEZ – Foi a falta de verba para investir em Saúde, Educação e Serviços Urbanos para a manutenção da cidade. A mortalidade infantil, por exemplo, era altíssima. Hoje, graças a uma parceria com a pastoral da criança, conseguimos reduzir de 37 para 23 o número de crianças mortas por mil nascidas com vida. Quando assumi a Prefeitura, o Mova (Movimento de Alfabetização) tinha 57 alunos e hoje são 497. As agressões verbais e as acusações pessoais também foram difíceis de suportar.

DIÁRIO – E como foi a experiência de coordenar o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC?

VELASQUEZ – Descobri que um ano é pouco tempo. Apesar de ter passado quatro meses de turbulência, a experiência foi positiva porque consegui fazer uma integração qualitativa das cidades. A posse do governador como presidente do Conselho Deliberativo e a expectativa de assinatura de novos acordos foram pontos mais importantes deste mandato. Por isto, acho que minha contribuição foi importante. Aprendi e amadureci muito durante este período.

DIÁRIO – O que o senhor achou da decisão da Justiça sobre a morte do ex-prefeito José Carlos de Arruda?

VELASQUEZ – Eu me senti violentado com as acusações que me fizeram. Nunca tive nenhuma relação política com os acusados e também não teria nenhum benefício com a morte do Carlão. Acredito que os interesses nesta história são políticos. Espero que tenha havido justiça com a sentença. Espero que chegue logo o momento do meu nome ser divulgado como inocente. Preciso gritar isto bem alto e comemorar porque os que promoveram dúvidas ao meu respeito vão se frustrar.

DIÁRIO – Em algum momento estas acusações prejudicaram o seu trabalho?

VELASQUEZ – Na época das denúncias, discutíamos um projeto esportivo para que empresas investissem na cidade. Os empresários se assustaram com as acusações e desistiram da proposta. Porém, no momento oportuno vou cobrar com juros e correções estas acusações. Vou entrar na Justiça contra todos que me caluniaram.




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