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Empresas do Japão pressionam trabalhadores a pedir demissão
Das Agências
31/08/2001 | 16:27
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Yoshio Takano, 51 anos, faz parte do crescente número de japoneses que abandonaram 'voluntariamente' seu emprego, um eufemismo para quem sucumbiu às duras exigências dos patrões num país em recessão, onde despedir legalmente continua sendo muito difícil.

'Não podia mais. Meu chefe dizia na frente dos outros que o meu salário era alto demais e que eu não fazia o suficiente para merecê-lo', lembra Takano.

Takano pediu demissão em maio depois de três anos de pressões e de 28 anos vendendo material de cozinha para restaurantes de empresas, numa pequena empresa familiar.

'Falei de meus problemas durante todo tempo com minha família e eles não se opuseram à minha decisão', explica Takano, que ganhava em seu antigo posto 5,6 milhões de ienes (cerca de US$ 47 mil) por ano, uma soma modesta para uma família que vive no Japão.

O caso de Takano não é isolado. As grandes empresas pagam generosas indenizações por demissões (até 30 meses de salário em algumas firmas do setor tecnológico), mas as firmas de terceirização não têm tantos escrúpulos.

Os falsos motivos ou a pressão psicológica são utilizados nestes casos. Em julho, segundo as estatísticas de desemprego publicadas na terça-feira, o número de desempregados voluntários aumentou em 150 mil casos em relação a julho de 2000, até alcançar 1,14 milhão, no quarto aumento desde abril. Esta contribuição fez com que o desemprego alcançasse o recorde histórico de 5%.

A maioria dos membros do sindicato tem em torno de 50 anos, alguns são vítimas de planos de reestruturação, outros foram remanejados à força por sua companhia, enquanto outros se viram obrigados a ceder.

Takano continua ativo, alterna cursos de informática, com a participação no sindicato para ajudar outros 400 integrantes e as responsabilidade de uma associação de moradores.

O sindicato assessora seus membros na batalha para conseguir indenizações. Desde que a situação mudou para Takano, sua família, que sobrevive com a indenização e o salário de sua mulher e do filho, de 24 anos, enfrenta dificuldades para chegar até o fim do mês.

'Vivemos com o mínimo possível', admite. Acabaram as viagens, os restaurantes caros e os presentes, as idas ao bar e as corridas de cavalo'. Os gastos com a universidade do filho mais novo (160 mil ienes por mês, cerca de US$ 1.340) absorve 40% da renda da família. O aluguel leva outros 45%.

O auxílio-desemprego de Takano é de 240 mil ienes (cerca de US$ 2 mil) e acaba em menos de um ano.




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