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Documentário traz os pracinhas do Brasil em ação
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
30/01/2004 | 22:49
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O diretor Eryk Castro confessou que a idéia para realizar o documentário Senta a Pua! (1999), agora disponível em DVD para venda direta pela distribuidora Versátil, veio aos 14 anos, quando folheou o livro homônimo escrito por Rui Moreira Lima alojado na estante de seu pai. A memória afetiva acabou incorporada à regeneração histórica que o documentarista faz em seu filme, sobre o ingresso das Forças Armadas brasileiras na Segunda Guerra (1939-1945).

São depoimentos de 23 veteranos do 1º Grupo de Aviação de Caça, formado por 466 pessoas remetidas à Itália e lá desembarcadas em 6 de outubro de 1944. Esses homens, todos na casa dos 70/80 anos, transmitem a emoção dos combates em contos que se infiltram entre imagens de arquivo e fotos. Um recurso convencional que tolhe um pouco da força de Senta a Pua!, mas que em nada afeta (talvez até sublinhe) o valor histórico do episódio relatado.

A história conta que a entrada das forças nacionais na guerra foi tardia; as cinzas de Pearl Harbor já tinham sido varridas e os campos de concentração banalizavam sua rotina de Armageddon. O retardo do envio de tropas deve-se à indecisão do então presidente Getúlio Vargas e a sua suposta simpatia pelos alemães. O martelo só foi batido com a declaração de estado de guerra em agosto de 1942, depois que as forças do Eixo afundaram vários navios brasileiros suspeitos de levar mantimentos às forças aliadas.

O brigadeiro Moreira Lima, autor do livro Senta a Pua! e com 94 missões na ficha, é um dos principais depoentes entre os 23, que narram suas aventuras a bordo dos caças F-47 Thunderbolt. As histórias combinam com o conceito de que a Segunda Guerra é de um tempo em que os combates desenrolavam-se num plano mais justo, sem a covardia das armas de destruição em massa e das tele-estratégias prenunciadas pelos desastres em Hiroshima e Nagasaki. A mitificação insinuada das ações dos brasileiros, que têm suas glórias indubitáveis, mas se deixam levar pelo ufanismo, emperram um pouco a pesquisa humana no trabalho de Castro.

O título do filme vem de um grito de guerra do Grupo de Aviação que, uma vez bradado, resumia o lema dos combatentes brasileiros: “Lançar-se sobre o inimigo com decisão, golpe de vista e vontade de aniquilá-lo”. Embora tenha chegado ao DVD, um dos últimos estágios de comercialização do cinema, Senta a Pua! não deverá submergir tão cedo. A ambição da produtora BSB Cinema é lançar mais dois documentários sobre as participações da Força Expedicionária Brasileira (Exército) e da Marinha no conflito e um longa-metragem de ficção. Destes, o filme sobre a FEB está quase pronto, intitulado A Cobra Fumou e dirigido por Vinícius Reis.




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