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Sem-terra reocupam 15 fazendas em Alagoas
Do Diário do Grande ABC
01/04/1999 | 17:21
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Cerca de 2.850 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST-AL) reocuparam nesta quinta pela manha 15 fazendas em Alagoas. Segundo um dos diretores estaduais do MST, Reginaldo Pacheco, nao houve confronto. "Por enquanto, o clima nas áreas ocupadas é de tranqüilidade", disse. As 15 fazendas, na Zona da Mata, Litoral Norte, Agreste e Sertao, têm juntas mais de 12 mil hectares.

É a segunda vez que o MST/AL utiliza a tática de reocupaçao em bloco. Em 97 foram reocupadas quatro fazendas do Litoral Norte. O MST fez a invasao em bloco em represália aos mais de 20 despejos sofridos desde janeiro deste ano.

As lideranças do MST/AL escolheram o início do feriado da Semana Santa para evitar conflitos com seguranças dos fazendeiros e retardar as tentativas de despejo por causa do recesso da Justiça. A açao, segundo Pacheco, é uma tentativa de pressionar a superintendência do Instituto Nacional de Colonizaçao e Reforma Agrária em Alagoas para que acelere as vistorias e os processos de desapropriaçoes.

As fazendas reocupadas sao: Buenos Aires, 600 hectares, com 210 famílias; Mundo Novo, 550 hectares, 80 famílias; Promontório (em Jundiá), 500 hectares, com 130 famílias; Gitituba (em Messias), 800 hectares, com 120 famílias; Sao Pedro, 385 hectares, com 180 famílias; Terras da Usina Brasileira (em Atalaia), 400 hectaares, com 250 famílias; Paraguai (em Paripueira), 500 hectares, com 80 famílias; Porto Seguro (em Matriz de Camaragibe), 400 hectares, com 75 famílias; Prazeres (em Flexeiras), 1.800 hectares, com 290 famílias; Picos (em Olho D'Agua do Casado), com 118 famílias; Lagoa Funda (em Traipú), com 60 famílias; Malvane (em Jacuípe), 400 hectares, com 80 famílias; Rendeira (Olho D'Agua do Casado), 4.500 hectares, com 900 famílias; Meirim (em Joaquim Gomes), 900 hectares, com 200 famílias; Sao Gonçalo (em Porto Calvo), 800 hectares, com 80 famílias.

Reforma - "Também estamos protestando contra a política do governo federal em parar as desapropriaçoes para fins de reforma agrária, bloqueando e reduzindo os recursos do programa especial de crédito para assentamentos", disse Pacheco. De acordo com ele, o governo quer reduzir de R$ 17 mil para R$ 5 mil os gastos com cada família assentada. "Os cortes fazem parte do programa Novo Mundo Rural, que o governo federal quer impor aos sem-terra", afirma o líder dos sem-terra. Para ele, esse programa só serve para financiar fazendeiros gananciosos e especuladores de terras.

Segundo Pacheco, com esse programa, o governo federal quer tirar da Uniao o poder de comprar terras para fins de reforma agrária. "A negociaçao passaria a ser direta entre fazendeiros e sem-terra", acrescenta. Na opiniao do líder do MST em Alagoas, essa proposta dificulta a negociaçao - por si só conflituosa -e estimula a açao dos especuladores.




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