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Artes brasileiras estao expostas em Portugal
Do Diário do Grande ABC
08/05/2000 | 15:14
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Duas exposiçoes atualmente em cartaz em Lisboa dao aos portugueses a oportunidade de conhecer um pouco mais da produçao artística brasileira deste século. Enquanto "Olhares Modernistas", que pode ser vista até 28 de junho no Museu do Chiado, mergulha naquele que é considerado o mais importante movimento artístico brasileiro, a mostra "Um Oceano Inteiro para Nadar", aberta semana passada no Culturgest procura fazer um contraponto entre as artes contemporâneas brasileira e portuguesa.

A primeira exposiçao faz parte do ciclo "Brasil, Brasis: Cousas Notáveis e Espantosas", organizado pela Comissao dos Descobrimentos para lembrar o quinto centenário do Descobrimento do Brasil. Segundo o comissário-geral dessa instituiçao e um dos curadores da mostra, Joaquim Romero Magalhaes, a decisao de dedicar grande importância ao modernismo dentro das comemoraçoes se deve ao fato de que é com esse movimento que se dá "a fundaçao estética do nacionalismo brasileiro".

Magalhaes, que esteve em Sao Paulo até a semana passada, concorda que há uma evidente sujeiçao da arte produzida no Brasil nesse período ao que vinha sendo experimentado - com certa antecedência - nos grandes centros. É evidente a influência do expressionismo alemao na obra de Anita Malfatti ou de Chagall na de Cícero Dias, diz ele, mas o que importa é que a partir da Semana de 22 surge uma busca intencional de arte nacional.

Com 77 obras pertencentes a coleçoes brasileiras e portuguesas, a mostra traz uma série de obras importantes, assinadas por mestres como Tarsila do Amaral, Lasar Segall e Vicente do Rego Monteiro. Aliás é com uma obra de sua autoria, de 1916, que a mostra começa. Apesar de os destaques serem visuais, "nao se trata de uma exposiçao de arte, mas de história", explica Magalhaes.

Também está representado na mostra o modernismo literário, por meio de primeiras ediçoes de publicaçoes importantes como o "Manifesto Antropofágico", de Oswald de Andrade, ou "Raízes do Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda. Já a exposiçao de arte contemporânea, cujo título foi inspirado por uma obra de Leonilson procura aprofundar o diálogo entre brasileiros e portugueses.

Em vez de simplesmente apresentar um painel da atual produçao brasileira, a curadoria (Ruth Rosengarten por Portugal e Paulo Reis pelo Brasil) busca confrontar - ou somar - a obra de artistas dos dois lados do oceano. A seleçao é bastante ampla. Entre os brasileiros estao na mostra Adriana Varejao, Daniel Senise, Nelson Felix e Nelson Leirner. Representando os portugueses também há velhos conhecidos como Pedro Cabrita Reis e Paula Rego.

Magalhaes reconhece que a arte e a cultura brasileira têm uma divulgaçao em Portugal aquém do desejado, mas afirma que talvez o fato de ter várias exposiçoes sobre o tema atualmente em cartaz em seu País possa ajudar a mudar as coisas. "Temos de desenvolver uma política de persistência, de teimosia para termos relaçoes comuns, que foram tao importantes ao longo dos séculos", afirmou.




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