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Mulheres mudam de hábitos para escapar de maníacos
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
07/06/2004 | 22:25
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Depois dos oito registros de estupro desde 2 de abril em Mauá, Ribeirão Pires e São Bernardo, as mulheres dos bairros onde as vítimas foram pegas adotaram novos hábitos para não correr riscos. Elas deixaram de andar sozinhas, pegam táxi quando possível e se não têm alternativas, dormem na casa de primas ou amigas. No Jardim Mirante e Vila Caiçara, em Ribeirão, no Jardim Zaíra 1, bairro IV Centenário e Parque das Américas, em Mauá, e nos bairros Demarchi e Baeta Neves, em São Bernardo, a notícia de que há um maníaco solto, agindo com um Corsa claro, e outros dois abordando as vítimas com um Escort branco, é conhecida de todos.

A atendente Daiane Pedroso dos Reis, 18 anos, mora no Jardim Mirante e passou a dormir na casa de uma prima todo fim de semana que sai à noite. Depois que soube do estupro no bairro, diz que ficou mais “alerta”. “Se um carro se aproxima quando estou sozinha, vou logo despistando.”

“Agora estou pegando um táxi nos dias em que volto do trabalho sozinha. Pago R$ 7, mas fico tranqüila”, afirmou Valéria Maria dos Santos, 33 anos, agente operacional que vive na Vila Caiçara, também em Ribeirão.

Pequenas precauções, antes desconsideradas, agora são levadas a sério por elas. “Peço, por exemplo, para o meu marido ou o meu pai me pegar no ponto de ônibus. Assim corro menos riscos”, contou Marli Vianna de Freitas, 27 anos, que mora no Parque das Américas, em Mauá. A promotora de vendas diz que essa é apenas uma das medidas para que ela se sinta menos insegura no bairro.

Após saber dos crimes, a estudante Viviane Moran, 17 anos, apertou o passo na hora de voltar do cursinho. “Fiquei sabendo que eles também agem de manhã. Fiquei com medo porque preciso vou andando sozinha para a escola. Não tem jeito”, lamentou a estudante, que mora no Jardim Zaíra 1, em Mauá.

Recomendação – A delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Mauá, Helena Vieira de Lima, disse que existem alguns cuidados que podem ser tomados. Segundo ela, é preciso evitar andar por lugares desertos, se aproximar de desconhecidos e, se desconfiar de alguém, avisar a polícia. No entanto, a delegada reconhece que é impossível se prevenir por completo. “As mulheres precisam trabalhar, estudar, não podem se esconder.”

Segundo o relato de três das vítimas de Mauá, o agressor estava armado, sozinho e as rendeu de manhã em pontos de ônibus – quando estavam indo para o trabalho. As outras cinco mulheres disseram ter sido raptadas à noite por dois homens em um Escort branco.

A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que a Polícia Militar não se pronunciará sobre os casos para não atrapalhar as investigações. Para denúncias, os telefones da Delegacia da Mulher de Mauá são 4514-1333 e 4514-1706.




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