Setecidades Titulo Santo André
FSA torna a vida de deficiente mais difícil

Aluna do 1º ano de História, Alessandra Bononi, 18 anos, chama atenção para estrutura

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
03/04/2017 | 07:07
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Pelos corredores da Fundação Santo André, no bairro Príncipe de Gales, circulam diariamente 4.700 alunos, entre os quais a estudante do 1º ano de História Alessandra Bononi, 18 anos. Cadeirante, decidiu elaborar projeto para tornar o local mais acessível, com rampas menos inclinadas, elevadores, entre outros.

Segundo ela, que sempre contou com o auxílio da cadeira de rodas para se locomover,as dificuldades encontradas no campus foram um choque. Para ir à aula, a van a deixa no estacionamento, mas, para subir a rampa até a entrada da Fafil (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras), ela precisa do auxílio do segurança.

Ao entrar no prédio as dificuldades continuam, pois nem todos os locais dispõem de acesso para pessoas com deficiência motora. “Teve um dia em que eu queria comprar um lanche fora da faculdade e não consegui, porque estava sozinha. Outra dificuldade é para ir ao banheiro. Do lado de dentro não tem barras adequadas, sem contar um degrau. Não consigo ir sozinha, preciso do auxílio das minhas amigas.”

Nem dentro da sala de aula a jovem de Santo André fica livre das dificuldades. “O que mais me revoltou foi em uma aula de Políticas Públicas. O professor queria usar uma sala na parte de cima, mas como não consegui subir ele teve de mudar a programação. Tem lugar que até tem rampa, mas o problema é que o espaço é estreito ou muito inclinado”, afirmou. O prédio da Fafil não tem elevadores.

Diante de tantas dificuldades e sem sinal de que a instituição tomaria providências, ela decidiu fazer um gesto concreto para deixar o espaço mais acessível. Primeiro Alessandra fez um banner, que leva na cadeira, para chamar a atenção para os problemas. “Minha mãe ajudou a elaborar a ideia, com os dizeres ‘Fundação Para Todos’. Isso é para alertar o pessoal a prestar atenção nessa questão, e tem dado resultado.”

Prova disso é que em parceria com alunos de Arquitetura e Engenharia, um plano de mudanças em toda a estrutura da FSA está sendo elaborado. A ideia é que o projeto, que está em fase inicial, seja apresentado à reitoria. “Nunca tive esse tipo de problema na escola em que estudava. Por isso fiquei tão chocada. Pela referência que tenho, sei que poderia ser melhor”, afirmou.

Questionada, a FSA informou que todos os prédios são acessíveis, mas reconhece que isso não acontece em todo o campus. Atualmente não há previsão de melhorias na questão da acessibilidade.

Até porque a instituição passa por grave crise financeira. Conforme reportagem publicada em fevereiro pelo Diário, a FSA tem acumulado rombo mensal estimado em R$ 500 mil. Alunos chegaram a reclamar de fechamento de turmas.

“A acessibilidade não é 100%, a gente reconhece. Mas, como todos os alunos são atendidos, por enquanto não temos nenhum projeto. Em todos os prédios há acessibilidade e, se necessário, há transferência da sala de aula”, afirmou o professor Maurício Magro, assessor da reitoria.

Segundo ele, há elevadores no prédio da Engenharia, mas a principal dificuldade para a implantação total é que a maioria das unidades é antiga. “Os prédios não foram projetados para ter elevadores.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;