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Brasil é o 53º país mais competitivo
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
08/09/2011 | 07:30
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O Brasil conseguiu subir cinco posições no ranking do Relatório Global de Competitividade 2011-2012, divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial. Dessa forma, o País é considerado o 53º mais competitivo no mundo, do total de 142. Muitas nações pequenas acabam ficando de fora da classificação pela dificuldade em reunir dados e, neste ano, a Líbia não foi incluída por conta do cenário de guerra civil. No Brasil, a pesquisa é realizada pela Fundação Dom Cabral e pelo Movimento Brasil Competitivo.

O principal motivo que contribuiu à melhor avaliação do País foi o crescimento da economia, afirma o coordenador do núcleo de inovação e de competitividade da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda. "Esse foi o fator determinante, pois permitiu a inclusão da classe média e aumentou o poder de compra da população", diz. "Além disso, o que já era bom continuou, como o forte ambiente empresarial (existência da cadeia produtiva em diversos segmentos e a preocupação com a qualidade), potencial para se tornar um país inovador e setor financeiro sofisticado, destaque conquistado e mantido desde a crise de 1998."

Na avaliação do diretor-presidente do Movimento Brasil Competitivo, Erik Camarano, o País foi favorecido na galgada de posições pelo fato de outras nações não conseguirem manter seus postos - caso da Índia, que passou de 51º para 56º por conta de sua instabilidade econômica e alta inflação. "Todos os países recebem também nota de 1 a 7 e, nesse quesito, ficamos estacionados, permanecendo com 4,3."

DESAFIOS - Não fosse o cenário econômico de juros altos e inflação crescente, o Brasil poderia ter sido melhor avaliado. "O maior problema está com os juros do spread (diferença entre os juros pagos pelo banco e os cobrados para o cliente)", diz Arruda.

Dentre os fatores que ainda deixam a desejar no País, e questionam se o crescimento obtido é sustentável, está a infraestrutura que, exceto à de telecomunicações, peca pela falta, principalmente a do setor de transportes. Somado a isso, têm falhas na Educação, capacitação da mão de obra e mercado de trabalho que, embora tenha gerado muitos empregos, ainda têm muitos profissionais atuando na informalidade. Outro ponto é a alta carga tributária, que forma forte barreira burocrática à expansão de investimentos de empresários e, inclusive, à contratação com carteira assinada.

RANKING - A Suíça manteve-se como o país mais competitivo do mundo. "Lá a inflação é baixíssima, as indústrias são inovadoras e não há envolvimento com guerra", analisa Camarano. Na sequência, aparece Cingapura, que conquistou uma posição neste ano. "A economia do país é muito aberta e existe enorme facilidade em fazer negócios. A lei é cumprida rigorosamente, o sistema é transparente e o mercado financeiro é sólido. Cargos governamentais, para serem conquistados, passam por rígido processo de seleção, assim como nas grandes corporações."

 

China lidera entre emergentes por ter foco no futuro

A China ocupa, atualmente, a 26ª posição no ranking das nações mais competitivas do mundo. Do ano passado para cá subiu uma posição, calcada principalmente no fato de, além de obter resultados concretos no presente, possuir grande foco no futuro, com planos de investimento em educação e inovação até 2017.

"Essa é a grande diferença entre os chineses e nós. Nós não temos plano algum para o futuro. E, embora haja o potencial de investir em tecnologia e inovação, ainda estamos só na intenção", explica Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral.

O destaque brasileiro fica por conta de enquete realizada em 2009 pela entidade com 16 grandes economistas internacionais, em que o Brasil foi apontado como o país com maior potencial de recuperação da crise financeira de 2008. E foi exatamente o que aconteceu.

Quando comparado com outro emergente, a Índia, que perdeu cinco posições, para 56º, o Brasil apresenta características econômicas bastante semelhantes. "Eles se parecem tanto no que é bom como no que é ruim. A grande diferença é que a Índia, embora possua grandes polos de produção, não tem a diversificação da cadeia produtiva em vários segmentos, como no Brasil. Porém, muitas vezes os indianos conseguem obter mais resultados que os brasileiros."

Entre os países vizinhos, o Chile perdeu um posto, passando a 31º, e a Argentina ganhou dois, para 85º. "Os argentinos estão passando por processo de recuperação do PIB (Produto Interno Bruto), porém, as incertezas políticas atrapalham a avaliação."

O Relatório Global de Competitividade é realizado desde 1976. O Brasil, entretanto, entrou em 1996. À época eram cerca de 40 países e o Brasil era o pior entre latinos. "Se à época participassem 142 nações, os brasileiros estariam na posição 70º."

Para a edição deste ano, cerca de 14 mil líderes empresariais ao redor do mundo - um recorde.




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