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Parlamentar interna
o filho pela 16ª vez
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
14/07/2011 | 07:19
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Eduardo José de Oliveira, 32 anos. Há 15 ele é dependente químico, e ontem foi levado pela 16ª vez a uma clínica de reabilitação. Eduardo, o Du, como é conhecido, é filho do vereador de São Bernardo Ary de Oliveira (PSB), que quando não está na empresa de seguros ou na Câmara Municipal, ministra palestras ou participa de reuniões com famílias que convivem com dependentes químicos.

Eduardo foi flagrado pela polícia na noite de terça-feira dirigindo um Corsa preto com queixa de furto. O veículo pertence a Alessandro Antonio Medea, seu amigo. Alessandro não foi encontrado no dia da ocorrência e ontem a família não queria comentar o assunto. Quando foi detido no bairro Paulicéia, Eduardo aparentava estar sob efeito de drogas.

A luta de Ary de Oliveira com o filho mostra que nenhuma família está imune ao problema. "Sempre dei de tudo aos meus filhos. Tenho uma empresa que é administrada pelo (filho) mais velho. O Eduardo também podia tocar os negócios", comentou. Antes de a polícia o encontrar, Du estava havia cinco dias fora de casa. "Ele estava recaído", disse o parlamentar, mostrando que sabia o motivo do sumiço do filho.

As cenas do drama enfrentado por Ary podem ser vistas em novelas, mas também dentro de muitos lares. "Ele não ficava violento quando estava drogado. Porém, já roubou algumas coisas de casa para comprar drogas", descreveu. "A droga danifica o caráter da pessoa. Mentira e manipulação são os principais defeitos adquiridos por um viciado", explicou o parlamentar, que ao longo dos anos aprendeu a distinguir quando o filho está sendo verdadeiro. 

DESAPEGO COM AMOR
Eduardo está novamente longe de casa, em tratamento. O vereador alegou que não sente tristeza ao passar pelo quarto e ver a cama vazia. Para ele, esse cenário é melhor que a realidade enfrentada pelo filho, quando está nas ruas à procura de entorpecentes. Frio, fome, depressão e desconforto são os sofrimentos visíveis enfrentador por um usuário quando está nas ruas.

"Mesmo com essa situação, consigo comer e tocar a vida. Não levo isso para a cama na hora de dormir", garantiu Ary, que ainda guarda esperanças de o filho dar a volta por cima. "Consigo me desapegar do problema. Mas é o desapego com amor."

Um dependente não larga o vício, apenas controla a vontade. E Ary explicou: "É uma doença sem cura. É como o diabetes, se a pessoa se cuida, consegue ter uma vida normal", exemplificou. "Não alimento expectativas. Contudo, a esperança sempre fica no coração. Ele pode sair dessa situação, ter uma família. Mas ele tem que entender que depende dele."

O vereador não sabe por quanto tempo Eduardo ficará internado, pois está acostumado a fugir das clínicas.

Depois de tantos anos de luta, afeto aos filhos é o melhor remédio indicado pelo parlamentar. "Os pais, hoje em dia, têm de demonstrar mais afeto, abraçar, beijar seus filhos. Enfim, participar mais da infância deles."

 

Vereador garante que o carro foi emprestado 

Eduardo José de Oliveira, 32 anos, não furtou o veículo que conduzia na noite de terça-feira. O Corsa preto, na verdade, foi emprestado por Alessandro Antonio Medea na sexta-feira. A versão é do pai de Eduardo, o vereador de São Bernardo Ary de Oliveira (PSB).

Na sexta-feira, cinco dias antes da ocorrência, Eduardo havia pedido o veículo. Alessandro confirmou a história para Ary na noite de domingo. "Ele bateu na porta de casa perguntando pelo Eduardo. Disse que não se importava com o carro, mas estava preocupado com meu filho", explicou Ary. "Não sei o motivo de o Alessandro ter registrado furto."

O parlamentar não conversou com o filho no dia do flagrante. Eduardo foi liberado na madrugada, após pagar fiança de R$ 550, conforme informações obtidas no 2° Distrito Policial, no bairro Rudge Ramos.

"Quando ele estava sob efeito de drogas, era praticamente impossível conversar. Até mesmo no outro dia", comentou Ary sobre o estado em que o filho estava.

Alessandro e Eduardo se conheciam há muito tempo. O proprietário do Corsa também é usuário de drogas.

A dona de casa Cláudia Souza, 48 anos, moradora do bairro Paulicéia, onde reside Ary e a família, contou que viu Eduardo e Alessandro no mesmo veículo na noite de sexta-feira. "O Edu é uma pessoa boa. Ele tem esse problema com drogas. Mas não teria capacidade de roubar", disse ela. "O Amedea emprestou o carro, eles eram amigos", confirmou a moradora, referindo-se ao apelido de Alessandro.

Até o fim desta semana a polícia pode convocar os envolvidos na ocorrência para prestar depoimentos. O carro continua no pátio da delegacia, e até ontem ninguém havia comparecido para reclamar o veículo.




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