A Câmara de Diadema vai protocolar pedido de audiência pública para investigar aumentos excessivos em contas de água. Na quinta-feira, comissão de munícipes relatou acréscimos nos valores dos pagamentos, que, em alguns casos, subiram até 1.069%, conforme reportou o Diário em fevereiro.

O protocolo passará pelo crivo dos vereadores na próxima semana e será encaminhado à Saned (Companhia de Saneamento de Diadema) no fim do mês. A intenção dos parlamentares é realizar o encontro no início de abril.

"Pelos trâmites burocráticos, dificilmente conseguiremos ter a audiência pública ainda em março", admitiu o presidente do Legislativo, Laércio Soares (PCdoB), que acatou sugestão da vereadora Irene dos Santos (PT) para propor reunião aberta sobre o tema. "Mas sabemos que há muitos problemas e queremos resolver o quanto antes o impasse", disse o comunista.

Na quinta-feira, grupo de munícipes esteve novamente na Câmara para pedir ajuda aos vereadores. Alguns moradores afirmaram que requisitaram diversas vezes revisões em suas contas de água, mas a Saned não mudou os valores praticados. Eles reclamam que a medição é bimestral e que a Saned tem feito a média de consumo dos dois meses, prejudicando a constatação do gasto de cada mês.

Os problemas, segundo contam os munícipes, começaram após a troca de hidrômetros residenciais, iniciada em 2009 e prevista para ser concluída em novembro deste ano - a cidade terá 70 mil equipamentos. O questionamento recai em distorções de medições. Em fevereiro, o Diário mostrou que a conta do vigilante José Edvaldo Ribeiro Sobral, 53 anos, morador no Jardim Canhema, passou de R$ 27,08 para R$ 316,73, aumento de 1.069%.

O prefeito Mário Reali (PT) afirmou que os problemas relatados por moradores são pontuais e que a Prefeitura contratou laboratório para avaliar os hidrômetros. "Não há generalização do problema. São questões pontuais. Vamos verificar e resolver."

Segundo o petista, a orientação da Saned em contas de água com aumento grande no valor é verificar se há vazamento na residência. "Se tem um lugar que não tinha medida (do consumo de água) e passou a ter, precisamos ver a leitura como era anteriormente e se aumentou o volume medido. Se aumentou, necessitamos ver se há vazamento. Essa é a questão central. Não tem acréscimo, não tem mudança."

Munícipes relataram também que há falta de fiscais de medição. Informações extraoficiais apontam que, somente no início do mês, 18 profissionais foram exonerados - a Prefeitura não confirmou o número exato. "Fiquei sabendo de boato (sobre demissões na Saned). Preciso ver o que é que acontece", contou Reali.

A Saned logo deixará de administrar o serviço de água e esgoto da cidade. A Caed (Companhia de Água e Esgoto de Diadema) - empresa de capital misto entre o município e o governo do Estado - está em fase final de constituição.