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Mulher é atingida por bala perdida em Santo André
Evandro de Marco
Do Diário do Grande ABC
29/01/2010 | 08:14
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O assalto a uma drogaria no Centro de Santo André terminou com a morte de um dos assaltantes e uma mulher ferida em um ponto de ônibus, vítima de bala perdida.

A Polícia Civil investiga a atuação dos policiais militares que participaram da ocorrência e uma possível tentativa de acobertar o caso por parte de oficiais da corporação.

ROUBO - Por volta das 21h30 do dia 22, sexta-feira, dois criminosos invadiram a drogaria e fugiram. Pedestres perceberam o assalto e avisaram dois policiais militares que passavam pelo local em uma viatura da 2ª Companhia do 41º Batalhão, dando início à perseguição que só terminou na Avenida Queirós dos Santos.

Imagens do circuito de câmeras da Guarda Civil Municipal mostram que outras pessoas em trajes civis participaram da tentativa de conter os criminosos e, inclusive, entraram em viaturas da Polícia Militar durante a perseguição.

Tiago Emanuel dos Santos, 18 anos, foi baleado e socorrido no Pronto-Socorro Municipal, mas não resistiu aos ferimentos.

BALA PERDIDA - Uma auxiliar administrativa de 27 anos, que estava em um ponto de ônibus, foi atingida por uma bala perdida. Segundo testemunhas contaram à Polícia Civil, mesmo ferida, ela não recebeu auxílio dos policiais que continuaram a busca pelos criminosos. "Foi um mendigo que me ajudou. Na hora, todo mundo sumiu", lembra a mulher, que teve um dos rins perfurado pela bala que continua alojada próximo à coluna. Com medo de represálias, ela não conta detalhes do que aconteceu.

BOLETIM - Estranhamente, o fato só foi levado ao conhecimento da delegada do 1º Distrito Policial (responsável pela região) pouco antes das 5h do sábado. Dois policiais militares - que não participaram da ocorrência - relataram que foram ao local depois de denúncia de disparo de arma de fogo e encontraram as vítimas baleadas. Até aquele momento, sem qualquer identificação dos autores dos tiros, o caso foi registrado como homicídio e tentativa de homicídio.

Delegado cobra detalhes do ocorrido

A Polícia Civil investiga a ação dos policiais militares que participaram da ocorrência e também a atitude da corporação diante da apuração dos fatos. Detalhes como a apreensão das armas (tanto as da corporação quando as de propriedade pessoal) que os policias portavam no momento do tiroteio, o tempo para o registro da ocorrência e as investigações feitas pela Polícia Militar, causam estranheza no delegado Luiz José Polastre, titular do Setor de Homicídios. "Provas foram produzidas no quartel sem conhecimento da Polícia Civil. Não deram ciência dos fatos à delegada de plantão. No boletim de ocorrência não informaram a perseguição e ainda apreenderam as armas que deveriam ser entregues na delegacia. Desde o caso da favela Naval, a competência para apurar crimes praticados por policiais militares contra civis é da Justiça Comum estadual. Portanto, a investigação principal tem que ser feita pela Polícia Civil. Até para evitar um possível corporativismo e favorecimento nas apurações", defende.

Segundo a Polícia Militar, foram identificados seis policiais como participantes diretos da ocorrência. Quatro estavam de folga e em trajes civis.

INQUÉRITO MILITAR - Através de nota, a Polícia Militar informou que o comando da corporação instaurou inquérito próprio com apoio de sua Corregedoria para apurar o caso. Alega ainda ter passado todas as informações pertinentes ao Setor de Homicídios.

O delegado nega o fato. "Não nos informaram formalmente de nada. Apenas dois policiais militares se apresentaram espontaneamente. A versão deles é de que perseguiram os assaltantes e dispararam, mas não perceberam que atingiram nem o ladrão nem a mulher no ponto de ônibus."

Ainda de acordo com Polastre "provas poderão apontar crimes como fraude processual, prevaricação e favorecimento pessoal. Os policiais militares que efetuaram os disparos poderão ainda responder por homicídio doloso, tentativa de homicídio e omissão de socorro."

As imagens do circuito de câmeras já foram entregues à Polícia Civil e deverão auxiliar nas investigações.




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