A descentralização da farmácia de alto custo do Hospital Mário Covas, em Santo André, como forma de melhorar o acesso da população do Grande ABC aos medicamentos, é uma das bandeiras deste Diário. Por isso, assim como ocorre com todos os justos anseios da comunidade regional, o tema merece atenção especial da equipe deste jornal. A inclusão do assunto na mesa de debates do Consórcio Intermunicipal foi saudada aqui mesmo neste espaço, pois se entende que a união de esforços das cidades pode pressionar o Estado a, finalmente, concordar em espalhar núcleos de distribuição dos remédios pelos municípios.

O Estado, não se sabe ao certo por quais razões, sempre foi refratário à ideia. Embora mantivesse o discurso de que estava aberto a propostas de melhoria no sistema de logística dos medicamentos, a verdade é que, na prática, pouco fazia para alterar a situação. A entrada do Consórcio na história, todavia, fez soar o alerta no Palácio dos Bandeirantes.

Não era para menos. Afinal, pela primeira vez, órgão regional com força política decidira encampar a campanha da sociedade, algo que este jornal fez desde o momento inicial. A batalha ganhava força. Acuado, o Estado decidiu enviar interlocutor para ouvir a proposta do Grande ABC. A diretora do departamento local de Saúde, Vânia Soares Azevedo Tardelli, participou de reunião – não divulgada previamente à imprensa, diga-se.

A partir daí, as tratativas empacaram. O Palácio dos Bandeirantes foge do assunto como o diabo da cruz e se nega a esclarecer questões básicas, como os próximos passos do programa de descentralização. Engana-se o Estado se acredita que este jornal vai se acomodar à inanição dos órgãos oficiais e se esquecer de cobrar o andamento do processo de fragmentar a farmácia de alto custo que hoje se concentra no Mário Covas. O Diário só vai depor as armas quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) devolver em investimentos ao Grande ABC o apoio que sempre recebeu das sete cidades em forma de votos. A via precisa ser de mão dupla.