Política Titulo Editorial
Lição não compreendida
Do Diário do Grande ABC
05/02/2017 | 11:39
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Arte/DGABC


Não faz nem dois anos que a população paulista viu desaparecer do horizonte o fantasma do desabastecimento de água, ameaça causada pela pior crise hídrica em 80 anos. Com boa parte das represas operando no que se convencionou chamar de ‘volume morto’, e a despeito do discurso oficial de que a situação estava sob controle e ninguém seria prejudicado, muitas pessoas tiveram de enfrentar os percalços provocados pelas torneiras secas. Imaginava-se que o tempo de escassez tivesse servido, ao menos, para conscientizar a população sobre a importância de se economizar.

Vê-se agora, todavia, que as agruras pesadas do passado recente não tiveram sequer a capacidade de desenvolver o senso crítico da sociedade. Com o passar do tempo, a determinação pela economia foi se afrouxando. No Grande ABC, segundo dados apurados pelo Diário, quatro das sete cidades registraram consumo de água acima dos índices que são preconizados pela Organização das Nações Unidas.

Na origem do desperdício, especialista aponta o mito cultural de que há abundância de água no Brasil. De fato, o País apresenta exuberância hídrica, mas nem todos os mananciais têm condições de ser alcançados pelos sistemas de captação e distribuição. Educar o cidadão, desde criança, para o fato de que a água da torneira pode acabar se torna, assim, a única saída para o desenvolvimento da consciência sustentável. Campanhas pontuais, deflagradas apenas em momentos críticos, não produzem efeitos duradouros, como ora se constata.

A sociedade paulista como um todo, e a do Grande ABC em particular, atendeu prontamente ao chamado para que se fizesse economia dos recursos em 2014. A nota 10 que a comunidade auferiu naquela época, todavia, acabou se perdendo. Como se vê agora, com a divulgação de dados de consumo por empresa e autarquias de abastecimento, a lição, infelizmente, não foi compreendida. O que será preciso acontecer para que a população se dê conta da necessidade de utilizar água com parcimônia e, acima de tudo, responsabilidade. 




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