Economia Titulo Em 2016
Pequenas empresas da região perdem R$ 4,4 bi

Crise atinge em cheio negócios menores, que
deixam de faturar equivalente ao PIB de Seicheles

Gabriel Russini
Especial para o Diário
18/01/2017 | 07:06
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Divulgação


Os micro e pequenos empreendedores das sete cidades da região devem apertar ainda mais os cintos para manter os negócios em pé neste ano. O desempenho das firmas de pequeno e médio portes do Grande ABC foi atingido em cheio pela crise em 2016, e de janeiro a novembro elas registraram perdas de R$ 4,4 bilhões em relação ao mesmo período no ano anterior, devido à retração de 15,6% no faturamento, já descontada a inflação. Os dados foram divulgados ontem pelo Sebrae-SP.

Para se ter ideia do quanto representa o montante, ele é similar ao PIB (Produto Interno Bruto) do país africano Seicheles (US$ 1,4 bilhão ou R$ 4,48 bilhões), destino de casais em lua de mel. Ainda, equivale ao Orçamento das prefeituras de Santo André (R$ 3,2 bilhões) e São Caetano (R$ 1,3 bilhão), para este ano.

O cenário para as MPEs (Micro e Pequenas Empresas) é agravado devido ao desemprego, que atinge 227 mil pessoas nas sete cidades – 16% da PEA (População Economicamente Ativa) – e é intensificado pela dificuldade de a indústria, carro-chefe da economia regional, reagir à crise.

Na região, grande parte dos negócios está ligada ao setor automotivo devido à presença de seis grandes montadoras (Ford, Mercedes-Benz, General Motors, Volkswagen, Scania e Toyota), além de centenas de indústrias de autopeças. E, no ano passado, muitos empregos foram perdidos motivados por PDVs (Programas de Demissão Voluntárias) ou pela saída de companhias do Grande ABC, o que reflete na diminuição do consumo local.

“A forte presença do ramo automobilístico provoca um efeito em cadeia. Isso porque muitas empresas sobrevivem em razão dele. Se essas firmas não conseguem vender, elas demitem pessoas que certamente reduzirão as suas despesas, inclusive no comércio e em serviços”, explica o consultor do Sebrae-SP Pedro Gonçalves.

Não à toa, no Estado de São Paulo, em que a economia é menos dependente de um só segmento, a queda nas vendas das companhias de pequeno porte ao longo de 2016 é mais amena, de 11,3%.

Desde 2015, as MPEs do Grande ABC já vêm amargando perdas em seus cofres. Naquele ano, as vendas atingiram R$ 28,1 bilhões, e representavam R$ 5,6 bilhões a menos do que em 2014, ou queda de 16,2%. No ano passado até novembro, o faturamento chegou a R$ 23,7 bilhões.

Somente em novembro, quando as vendas atingiram R$ 1,8 bilhão, as perdas chegam a R$ 388,5 milhões frente a igual mês em 2015, com retração de 17,8%. Em relação ao outubro, a queda é menor, de 4,9%, o que corresponde a R$ 92,7 milhões a menos.

PARA 2017 - Apesar de o atual cenário estar longe de ser o ideal, os empreendedores estão otimistas para 2017. De acordo com o Sebrae-SP, 33% deles esperam melhora no rendimento de seus negócios no primeiro semestre de 2017. Para 2016, apenas 20% estavam confiantes. Gonçalves acredita que o otimismo se baseie na queda da inflação oficial, medida pelo IPCA, que encerrou 2016 em 6,29%, e na redução dos juros bancários motivada pelo corte de 0,75 ponto percentual da taxa Selic na última semana, para 13% ao ano.

Apesar dos pequenos estímulos na economia, o empreendedor deve ter muita cautela na hora de planejar o ano. “Tem que se manter informado sobre o mercado, ajustar os preços para que sejam acessíveis à população e, o mais importante, ter atenção aos desperdícios”, orienta.
 




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