Ao realizar minirreforma eleitoral em 2015, os congressistas brasileiros buscavam, entre outros objetivos, reduzir os exorbitantes custos das campanhas, em boa parte abastecidas com recursos escusos, conforme demonstram as investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato, conduzidas desde Curitiba, no Paraná. Extenso levantamento feito pela equipe do Diário, e alçado à manchete desta edição, mostra que, ao menos no Grande ABC, e tendo como parâmetro os custos oficiais declarados à Justiça, o objetivo foi alcançado.

Estudo comparativo realizado pela reportagem mostra que os 142 vereadores eleitos nas sete cidades no pleito de outubro passado gastaram 64% a menos que os vencedores de 2012. O custo médio do voto no pleito mais recente foi de R$ 8,51, bem abaixo do de quatro anos atrás, de R$ 23,42. Uma economia significativa. Especialista vê elo entre o barateamento das campanhas e a proibição do financiamento empresarial, um dos pontos mais importantes da minirreforma – e, certamente não por mera coincidência, o tópico que causou mais reação negativa entre os políticos.

É evidente que nem todos os históricos problemas verificados a cada pleito, especialmente a utilização de caixa 2 pelos candidatos, foram ou serão resolvidos pela atualização das regras eleitorais. Mas o resultado ora demonstrado deixa clara a importância de se reformar a regra do jogo, de tempos em tempos, em busca do equilíbrio e da ética nas disputas.

Como bem afirmou, já há algum tempo e de forma corajosa, o então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, a doação de empresas a campanhas gerava ‘desequilíbrio’ e era ‘fonte de corrupção’. Tê-la eliminado, se não extinguiu as práticas ilícitas da política brasileira, ao menos deixou as eleições muito mais baratas e limpas, como demonstra o ano de 2016 no Grande ABC. Mesmo que se tenha pela frente caminho longo a ser percorrido atrás da transparência total no processo de escolha dos governantes, o primeiro passo foi dado com louvor.