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Usuários da CPTM pedem ampliação do Expresso ABC até Estação Mauá

Mauá, que concentra 51 mil passageiros por dia,
integrava projeto inicial do serviço de mobilidade

Daniel Macário
do Diário do Grande ABC
29/12/2016 | 07:07
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André Henriques/DGABC


O Expresso ABC – serviço implantado na Linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) há um mês – tem sido alvo de críticas por parte de passageiros de Mauá. Os usuários reivindicam que a cidade também seja atendida pela linha, situação prevista no projeto inicial do modelo de viagem rápida, anunciado há pelo menos 16 anos, mas abandonada pelo Estado.

Atualmente, o Expresso ABC liga as estações Prefeito Celso Daniel-Santo André e Tamanduateí, na Capital, com apenas uma parada, em São Caetano, em trajeto que demora em média nove minutos. Já o projeto inicial previa viagem com seis pontos – Mauá, Santo André, São Caetano, Tamanduateí, Brás e Luz – em apenas 12 minutos.

Outra diferença em relação à primeira proposta do Estado está relacionada ao intervalo entre um trem e outro, para embarque e desembarque de passageiros. No Expresso ABC, os usuários têm de aguardar por 30 minutos para o início do trajeto em Santo André. Já o antigo projeto tinha meta de que as composições demorassem apenas seis minutos entre uma e outra.

O alto volume de usuários é citado por moradores da cidade como um dos motivos para que Mauá seja atendida pelo serviço. “Eles deveriam priorizar nós e não São Caetano, que nem tem tanta gente. Somos esquecidos”, considera o auxiliar de escritório Rubens de Paiva, 32.

A demanda de passageiros em Mauá é a segunda maior da região, com média de 51 mil usuários por dia. Em Santo André, 58 mil pessoas usam o sistema de transporte público sobre trilhos. Já em São Caetano, por exemplo, que é atendida pelo Expresso ABC, circulam 31,2 mil indivíduos todos os dias.

“Para mim, que pego em Mauá a lotação dos trens, não mudou nada (com o Expresso ABC). Mesmo que em Santo André não entre tantas pessoas como antes, os vagões permanecem cheios. Muita gente usa o trem em Mauá. Continua sendo lata de sardinha”, desabafa a auxiliar de farmácia Ana Lucia Domingues, 27.

Ontem, por meio de nota, a CPTM justificou que o Expresso ABC opera em via exclusiva, com parada em plataformas próprias nas estações Prefeito Celso Daniel-Santo André e São Caetano para que possa funcionar ao mesmo tempo que a Linha 10-Turquesa. Conforme a companhia, no trecho entre as estações Mauá e Prefeito Celso Daniel-Santo André não há via exclusiva para atender o Expresso, “porém os usuários da Estação Mauá também estão sendo beneficiados com viagens em trens mais vazios nos horários de pico”, informou.

BALANÇO
A equipe do Diário voltou ontem pela manhã à Estação Prefeito Celso Daniel, em Santo André, para acompanhar viagens de passageiros no Expresso ABC, um mês após a implantação do serviço, que beneficia, por dia, cerca de 49 mil usuários. Embora passageiros ressaltassem a consolidação do sistema, a maior parte reforçou a necessidade de que os intervalos sejam menores entre as composições.

Com saídas a cada 30 minutos, o serviço, pioneiro em todo o sistema da CPTM, realiza cerca de 14 viagens diárias. “Sinceramente, achei o expresso ótimo. Hoje consigo me programar e sair até mais tarde de casa, no entanto, poderia ter saídas a cada 15 minutos. Aí ficaria excelente”, afirma o auxiliar de logística Anderson de Mello, 37.

Em média, a cada partida de trens do Expresso ABC, outras cinco composições convencionais deixam a Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André. “O tempo poderia ser melhor, mas a medida tem sido muito boa. Não enfrento mais lotação e quando acontece de o trem estar cheio não é algo sufocante”, relata o técnico de home care Augusto Aparecido da Silva, 51.

Segundo usuários, o Expresso ABC também equacionou a quantidade de passageiros das composições que circulam na Linha 10-Turquesa. “Achei ótimo. Antes o trem que vinha de Mauá chegava muito lotado em Santo André. Agora é muito mais organizado e dá para pegar o vagão tranquilo”, afirma o auxiliar de TI Matheus Oliveira, 17.

Já as reclamações relacionadas à ausência de sinalização das estações, citadas no primeiro dia do serviço, foram solucionadas pela CPTM. “Agora tem placa por toda o lado. Acho isso muito bom”, relata a atriz Camila Miranda, 47.

Os trens do Expresso ABC, que usam via exclusiva entre as estações e, por isso, não interferem na circulação das composições da Linha 10 – Turquesa, funcionam de segunda-feira a sexta-feira em dois períodos: das 6h às 9h e das 16h às 19h. No período da manhã, as composições prestam serviço a partir da Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André até a Tamanduateí, na Capital. Já à tarde, os trens realizam o trajeto contrário. A tarifa do serviço tem o mesmo valor do bilhete convencional: R$ 3,80.

Conforme a CPTM, o serviço representa alternativa aos passageiros que embarcam em Santo André e São Caetano, com destino direto a São Paulo e integração com o Metrô.

Ainda segundo a companhia, a avaliação de demanda e de carregamento de usuários no trecho é contínua e a CPTM não identificou a necessidade de mudar o modelo do serviço, que está tendo boa aceitação pelo público. “Inclusive muitos usuários têm manifestado elogios nas estações, redes sociais e na central de atendimento 0800”, destaca.

Promessa de volta da Estação da Luz ao itinerário da região não se concretiza

O possível retorno da Estação Luz ao itinerário da Linha 10-Turquesa da CPTM é outra promessa feita pelo governo estadual que não retornou à pauta. Em 2011, quando a companhia retirou a parada do trajeto que atende a região, o governo estadual cogitou, após protestos dos usuários, desfazer a mudança assim que fosse inaugurado o Expresso ABC, o que não se concretizou.

Questionada sobre o assunto, a CPTM disse que a mudança no trajeto da Linha 10-Turquesa para operar entre Brás e Rio Grande da Serra foi necessária devido ao crescimento da demanda de usuários, após o início da integração da Linha 4-Amarela do Metrô na Estação Luz. Através de pesquisa, a CPTM coletou dados sobre a movimentação de usuários com a nova configuração e adotou o modelo operacional para as Linhas 7-Rubi e 10-Turquesa em 2011.

Conforme o comunicado, a decisão levou em consideração aspectos técnicos, já que intervenções na Estação Luz, patrimônio histórico, são restritivas. 




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