Chamam a atenção os recorrentes atrasos no cronograma de reforma do pronto-socorro do Hospital Radamés Nardini, administrado pela Prefeitura de Mauá. Apuração promovida na semana passada pela equipe de reportagem deste Diário comprovou que os serviços seguem a passos de tartaruga e as intervenções a serem feitas são tão amplas que o prefeito Donisete Braga (PT) descumprirá a promessa de entregar o PS antes do fim de sua gestão, em 31 de dezembro. Será, então, o segundo prazo a ser desrespeitado pela administração mauaense, que originalmente havia se comprometido a concluir os serviços em junho.

Fica difícil compreender as razões do atraso, já que a Engecon ABC Construções e Empreendimentos, responsável pela execução das obras, tem recebido religiosamente em dia da Prefeitura de Mauá. A empresa já embolsou os R$ 3,19 milhões cobrados por serviços realizados. No total, o governo mauaense vai despender R$ 6,7 milhões para melhorar o departamento de socorro emergencial do principal hospital da cidade.

Manter pagamentos em dia é obrigação de quem contrata qualquer tipo de serviço. Todavia, no episódio em questão, chama a atenção o fato de o fluxo financeiro estar sendo mantido com construtora que não consegue atender as necessidades do chefe do Executivo em um município que teve o abastecimento de energia elétrica interrompido por falta de quitação das contas de luz.

É evidente que Saúde deve receber tratamento prioritário, mas não se nota empenho algum da Prefeitura de Mauá em cobrar celeridade da empreiteira nas obras. Dois pesos e duas medidas. A situação poderia ficar um pouco mais clara se o prefeito Donisete Braga, ou então os donos da construtora, dispusesse-se a falar sobre o assunto. Mas o petista repete o expediente tradicional de políticos flagrados em episódios que lhes causem dissabor: fecha-se em copas e torce para que o assunto caia no esquecimento antes de ter de se explicar – não à imprensa, mas à sociedade que lhe elegeu para solucionar problemas.