Mas o projeto que vai ser inaugurado em março de 2017 não foi concebido assim tão de supetão, conta o ator Lucas Beda. "Nós pesquisamos diversos lugares que estavam ociosos pela cidade." Quando encontraram o endereço - a três minutos de caminhada da Estação da Luz -, o terreno acumulava entulho, tinha parte das cercas destruídas e servia de estacionamento para o comando geral da Guarda Civil Metropolitana.
Por meio de um termo de cooperação, a companhia será responsável por zelar pelo local durante três anos - que ainda aguarda confirmação. Até o momento, a Mungunzá já investiu cerca de R$ 200 mil, em serviços como limpeza do terreno, terraplenagem e instalação elétrica e dos contêineres. Até o fim do período, o total aplicado será de R$ 2,1 milhões, vindos de um caixa próprio acumulado desde 2008, ano de fundação da companhia sediada no Bom Retiro.
Em virtude do tamanho da empreitada, o grupo gastou tempo criando um projeto arquitetônico que refletisse o tipo de relação que os artistas gostariam de estabelecer com o local, ressalta Beda. O que resultou nos contêineres empilhados. Juntos vão abrigar banheiros, camarim, escritório e um espaço com lotação de 80 pessoas. Do lado externo, existe a horta criada por um morador do bairro e, no gramado, um playground feito com tambores de aço reutilizados, desenvolvido pelo grupo espanhol Basurama. Na lateral superior da edificação, a pintura branca vai servir como tela de cinema para projeções ao ar livre. "O objetivo não era levantar mais um prédio, mas o desejo de que as características da construção chamassem as pessoas à convivência", explica o ator.
E esse convite também se reflete nos portões abertos. "Não queremos entrar, fazer mais uma peça, trancar tudo e ir embora." Vez ou outra, a conversa era interrompida por um morador de rua que perguntava se poderia apanhar alguns materiais descartados. "Aqui continua sendo um espaço público e queremos construir essa relação", reforça Beda.
Entre as atividades que a companhia do premiado Luis Antonio - Gabriela deseja realizar está abrigar espetáculos de dança, shows de pequeno porte, oficinas e exposições. Tudo isso pautado por uma curadoria que será formada em 2017. Para a data de inauguração, ainda não divulgada, o grupo planeja ocupar o novo palco com o espetáculo de 2011, dirigido por Nelson Baskerville. A montagem documenta a história de Gabriela, uma travesti de meia-idade que deixou a família e foi morar na Espanha. "Achamos que seria muito bonito fazê-lo aqui. Um espetáculo que, de certa forma, nos obrigou a entender a força do teatro", conta o ator.
Questionado sobre o que ocorrerá ao fim do período de três anos, o ator disse que a companhia espera entregar um projeto que valorize o espaço urbano. "E que isso seja mais um motivo para continuarmos lá."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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