Com algumas variações, a história de Thiago está se repetindo. A Paralimpíada foi um estímulo para muita gente começar a praticar atividade física. Não se tratam de atletas de alto rendimento. Ainda não. São pessoas comuns, algumas sedentárias, que começam a sonhar com a rotina de atleta.
Na ADD, a procura foi multiplicada por quatro. Entre janeiro a agosto, foram 37 pedidos de inscrição. Em setembro, exatamente após a Paralimpíada, o número saltou para 112 solicitações. Hoje, a entidade atende gratuitamente 270 participantes. No Centro Esportivo para Pessoas Especiais de Santa Catarina (CEPE), o aumento foi da ordem de 50%. "Os Jogos foram um divisor de águas. Muitas famílias nem sabiam que existiam determinada modalidade", comemorou o coordenador Sileno Santos.
Cristiana Carneiro Oliveira decidiu levar as duas filhas de uma vez - a Nicole, de 12 anos, e a Bianca, de oito - para a iniciação no atletismo.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) não possui estatísticas consolidadas, mas identifica um movimento em escala nacional. O órgão abriu inscrições para voluntários para a próxima edição do Parapan Juvenis (Jogos Paralímpicos Panamericanos), que serão disputados entre 20 e 25 de março em São Paulo. Precisava de 150 voluntários, mas recebeu 650 inscrições de oito países. "Não aumentou apenas a procura pela prática esportiva, mas também o consumo e a participação nos torneios", afirmou Edilson Alves, diretor técnico do CPB.
Antes de participar de competições municipais e regionais, é preciso passar pela classificação funcional, ou seja, a divisão por classes de acordo com a capacidade física. Cada esporte possui a sua classificação específica, podendo ser oftalmológica (deficiência visual), funcional (física) e psicológica (intelectual).
Essa categorização permite que disputas justas e equilibradas. A partir daí, vale o desempenho do atleta. O professor de natação Renato Bissolotti explica que só a natação possui 14 classes. "A Paralimpíada foi importante também pela construção do ídolo. As pessoas descobriram referências", disse.
Falar em ídolo paralímpico é falar de Daniel Dias. Esse foi o nome mais ouvido pelo jornal O Estado de S.Paulo nas entrevistas. Maior medalhista do Brasil em Paralimpíadas e dono de 10 recordes mundiais em piscina longa, Daniel nasceu com má formação dos membros superiores e perna direita. A partir daí, percorreu o caminho que Thiago está começando. Descobriu o paradesporto ao assistir o nadador Clodoaldo Silva em Atenas-2004. Seu potencial foi identificado exatamente na ADD em um projeto voltado para a iniciação esportiva de crianças e adolescentes com deficiência. Hoje, é um ídolo.
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