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Acidentes acontecem próximos a passarelas
Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
12/12/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


No SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), pelo menos 75% dos atropelamentos acontecem próximos às passarelas ou passagem de pedestres, de acordo com a Ecovias, concessionária das vias. A utilização do equipamento de segurança poderia ter evitado a morte de 12 pessoas desde janeiro, conforme dados da Polícia Militar Rodoviária, no sistema.

De acordo com a corporação, somente neste ano 69 atropelamentos foram registrados nas cinco rodovias que cortam a região – não foram informados detalhes das ocorrências do Rodoanel, da Índio Tibiriçá e da Rodovia Caminho do Mar. Os números já superam os observados em todo o ano passado, quando foram contabilizados 58 atropelamentos. Ainda contabilizando as cinco rodovias, houve 19 mortes desde janeiro.

O SAI tem o maior número de ocorrências (46) e mortes (12) do ano. A equipe do Diário percorreu trechos do local na última semana e flagrou pelo menos 18 pessoas andando pelo acostamento das duas rodovias, sendo que três cruzaram as vias.

Na Anchieta, em São Bernardo, desde o bairro Rudge Ramos até a entrada da Prainha, no Riacho Grande, 11 pessoas foram flagradas caminhando pelo acostamento. Duas das três pessoas que atravessaram a rodovia estavam próximas a uma passarela. Desde o km 24 da Imigrantes, ainda em São Bernardo, até as proximidades do Jardim Arco Íris, em Diadema, a equipe do Diário registrou sete pessoas pelo acostamento, sendo que quatro crianças empinavam pipas na área.

Conforme a Ecovias, concessionária que administra o SAI, foram registrados 71 atropelamentos nos dois trechos em 2015 e 2016. Em São Bernardo há 12 passarelas e dez pontos de travessia, já em Diadema são contabilizados três equipamentos de segurança e sete pontos.

De acordo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), o ponto entre o km 21,8 e o km 23 da Anchieta é o que mais registrou ocorrências neste ano. Foram sete atropelamentos. Neste trecho, está localizada passagem inferior com calçamento para os pedestres.

No Rodoanel, foram contabilizados dois atropelamentos com morte, sendo um em abril, na altura do km 84, em trecho próximo a dois pontos de travessia, e outro em novembro, quando uma pessoa foi atropelada ao caminhar pelo acostamento, no km 99. O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) não forneceu detalhes sobre os acidentes da Índio Tibiriçá.

De acordo com o comandante do 1º Batalhão de Polícia Rodoviária, tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos, o Código de Trânsito Brasileiro não proíbe que as pessoas andem pelo acostamento. “Também temos um número grande de atropelamentos em pistas simples, como a Rodovia Índio Tibiriçá que possui áreas urbanas no entorno e, com isso, circulação de pedestres nos acostamentos. O importante é as pessoas evitarem, mas não sendo possível, fazer com atenção e o mais afastado possível da faixa de rolamento de trânsito”, afirmou.

Conforme explicou o professor de Engenharia Civil do Centro Universitário FEI Creso Peixoto, levando em conta a velocidade do veículo e o do impacto do acidente, é menos provável que pedestres sobrevivam a atropelamentos em uma rodovia em comparação a vias urbanas. “A pessoa precisa ter a consciência de que são quatro faixas, como na Imigrantes, para passar. Algo extremamente perigoso, quando os veículos estão a 80 km/h e a cada segundo anda 22 metros. Para se ter uma ideia, a velocidade do ser humano é de 4 km/h”.

Especialistas indicam ações de educação

Para especialistas, a forma mais efetiva para combater a travessia nas rodovias é o investimentos nas ações de educação em trânsito.

Conforme o coordenador do curso de Engenharia do Mackenzie Campinas Luiz Vicente Figueira de Mello, as barreiras físicas, como telas entre as pistas, são importantes, mas não o ideal. “O principal é um trabalho social nas comunidades do entorno das vias, junto com escolas e líderes comunitários. As pessoas também precisam conhecer esse índices, porque muitas vezes elas não têm consciência do perigo de morte.”

“Em termos de curto prazo, ações como maior sinalização e panfletagem também são válidas. Inclusive, não deve ser uma campanha isolada”, completou o professor de Engenharia Civil do Centro Universitário FEI Creso Peixoto.

Conforme a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), as concessionárias fiscalizadas mantêm campanhas voltadas para educação com orientações para travessia segura.

A Ecovias, concessionária que administra o SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), mantém medidas que envolvem desde o telamento no canteiro central até ações de educação de trânsito para moradores. A empresa registrou o menor número de acidentes desde que assumiu o trecho, foram 4.532 ocorrências no ano passado, redução de 52% comparado a 1999.

O DER (Departamento de Estradas de Rodagem), responsável pela Índio Tibiriçá, afirmou que, desde 2011, foram investidos R$ 107,4 milhões em obras de melhorias e modernização na via. Foram implantados 11 lombadas eletrônicas e dois radares onde há travessia de pedestres.  




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