O Hospital Albert Einstein decidiu confirmar nesta quarta-feira à tarde a internação do prefeito de São Caetano, Luiz Olinto Tortorello (PTB). Quarta, o Diário publicou o fato e informou que o político estava há uma semana no hospital. Embora a assessoria de imprensa do hospital não esteja autorizada pela família a passar informações precisas sobre o motivo do tratamento, dia de entrada e estado do paciente, fontes próximas ao prefeito afirmam que ele está em coma induzido (sedado por medicamentos) na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O filho do prefeito e deputado estadual, Marquinho Tortorello (PPS), procura minimizar a situação, que é dramática. Ele afirma que o pai está internado para fazer exames de rotina. "Amanhã (quinta) ou depois ele sairá do hospital." O deputado alega que em entrevista ao Diário, publicada em 11 de novembro, o prefeito divulgou o motivo da aparência abatida: hepatite C. "Por isso ele está no hospital. Mesmo respondendo bem ao tratamento, é preciso ter certeza, por meio de procedimentos médicos", diz. Marquinho afirma que o prefeito, mesmo no hospital, continua despachando. "Ele está muito bom. Está tudo em ordem, graças a Deus. A gente fica preocupado porque ele reluta em ficar no hospital. Ele fica nervoso", disse durante sessão da Assembléia Legislativa.

O clima no Palácio da Cerâmica, sede do governo de São Caetano, confirma a versão das fontes ouvidas pelo Diário: silêncio absoluto, circulação mínima e rostos preocupados. Com a presença de Tortorello, a Prefeitura costuma ser invadida por políticos da cidade, diretores, vereadores, entre outros figurões, que lotam a recepção para falar com o chefe do Executivo. No entanto, nesta quarta o local estava em silêncio. Parecia à espera de que algo incerto acontecesse. As pessoas evitavam falar com a imprensa. Pelas janelas entreabertas era possível ver os funcionários observando a presença da reportagem do Diário.

Funcionários municipais que resolveram se pronunciar - sem dizer o nome, é claro - tentaram a todo custo fazer crer que Luiz Tortorello esteve no gabinete nesta semana, pelo menos durante a manhã de segunda-feira. Mas, depois desse dia, ninguém se arriscou a declarar tê-lo visto despachando normalmente. Nem sequer a assessoria de comunicação da Prefeitura arriscou dar certeza sobre o estado de saúde do prefeito, que de fato deu entrada no Hospital Albert Einstein na terça-feira da semana passada.

Apenas o assessor jurídico da administração, Antônio Gusman Filho, ocupou o gabinete do prefeito nesta quarta. Nem mesmo o vice-prefeito, Sílvio Torres, estaria no local, e sim em uma comitiva que levou representantes de Araguá (Santa Catarina) a pontos principais de São Caetano.

Na Câmara de Vereadores, a situação era a mesma. Além do vazio absoluto, algumas pessoas liam a edição desta quarta do Diário. A recepcionista Eva Moraes, que trabalha há 20 anos no Legislativo, comentou: "Fiquei assustada, já ouvia comentários, mas fico triste. Lembro da imagem de homem forte, poderoso", diz. Já o vereador João Rodrigues afirma que, embora desconhecesse o fato, não vê o prefeito há tempos. "Também não vou lá (no gabinete) faz tempo." Nenhum outro vereador foi encontrado para comentar o assunto.

Nesta quinta, a Câmara terá sessão extraordinária para votar pacote de projetos do Executivo, entre os quais os que criam o Secom (Serviço Comunitário Municipal), as diretorias de Cultura e Meio Ambiente e a seção da mulher, o que autoriza a criação do cargo de dirigente de ensino e o que aprova o repasse de verba para a Soma (Sociedade Beneficente Mário Chekin), responsável pelo projeto João de Barro, de revitalização dos cortiços.

Na rua onde o prefeito reside, no bairro Olímpico, os vizinhos não observam quebra da rotina da casa, mas afirmam que há dias não percebem a presença de familiares. Na residência, nem mesmo os seguranças atendem ao interfone, apesar de estarem 24 horas de prontidão.

Dúvida - Com a confirmação da internação e da ausência do prefeito Luiz Tortorello no gabinete, uma dúvida paira sobre os moradores de São Caetano. Quem estaria no comando da cidade? É fato que pela LOM (Lei Orgânica do Município) o prefeito pode ficar até 15 dias afastado sem pedir autorização da Câmara. Tortorello completa nesta quinta nove dias de internação no Albert Eisntein e, como o Diário confirmou nesta quarta, vive situação dramática, inclusive com seqüelas do tratamento a que está sendo submetido.