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Servidores reclamam de abandono
Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
03/07/2004 | 18:59
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A maioria das prefeituras do Grande ABC não possui planos de cargos, carreira e salarial, e isso influencia na qualidade da prestação dos serviços, segundo avaliação dos sindicatos que representam o funcionalismo na região. Nas cidades onde esses processos já foram formatados não existe regulamentação, estão desatualizados ou ainda não saíram do papel.

Em São Bernardo, por exemplo, o processo não sofre alterações desde 1992. Segundo a presidente do Sindiserv (Sindicato dos Servidores Públicos de São Bernardo), Vânia Aparecida de Souza, desde aquele ano não se faz a progressão da carreira, e isso criou vários problemas, entre eles, pessoas que exercem a mesma função com salários diferentes. Ela disse que tramitam na Justiça 819 processos, sendo 442 pleiteando a isonomia salarial (equiparação), 216 por desvio de função e 161 reivindicando adicionais de insalubridade e periculosidade. "Muitos servidores ainda não entraram na Justiça, o que deverá acontecer", afirmou.

Vânia afirmou que, mesmo qualificando-se profissionalmente, o servidor não tem a possibilidade de ascensão. "Desde a gestão passada, essa é nossa bandeira, mas aguardamos até hoje. O pessoal fica sem estímulo e isso afeta o serviço público, porque não existe retorno. O serviço é prestado, mas poderia ter mais dedicação se tivesse estímulo", disse.

Em Santo André não existe lei que trata do plano de carreira. "Existe uma tabela de cargos, mas não tem possibilidade de ascensão. Estamos em uma época de intensa propagação de que o trabalhador tem de se qualificar, mas aqui em Santo André, independentemente da qualificação, não muda nada. Se o servidor entrar como servente e fizer uma faculdade de Direito, vai continuar servente. Não tem incentivo. Os servidores estão desprestigiados", disse o diretor do sindicado dos servidores na cidade, Jaime de Almeida.

Ele afirmou que há dez anos essa reivindicação é levada para as administrações, mas a proposta nunca avançou.

Plano de carreira também é uma iniciativa que está longe de ser adotada pela administração. "Isso desestimula o funcionalismo. Todo ser humano tem necessidade de crescimento financeiro e profissional", disse Damião Sudário, presidente do sindicato da categoria no município.

Ele afirmou que a ausência de perspectivas de progredir na carreira desanima o servidor e, conseqüentemente, afeta a qualidade dos serviços. "O que existe até agora são promessas de que será elaborado um plano. Há mais de 20 anos se fala na implementação do plano de carreira, e isso causa um desgaste enorme no trabalhador", afirmou Damião.

No papel – A lei que criou o plano de carreira em Mauá existe desde 2002, porém, ainda não saiu do papel. O plano foi criado com o novo estatuto do servidor. "Esse novo estatuto trouxe muitas perdas, entre elas, o fim da nossa licença-prêmio. Além disso, o auxílio-creche sequer saiu do papel e se os nossos filhos ficam doentes, a Prefeitura não aceita atestado médico. Perdemos dias e horas", criticou o presidente do sindicato, Jesomar Lobo.

O presidente interino do Sindiserv de Ribeirão Pires, Luís Carlos Lopes, disse que no município existe o plano de carreira, no entanto, há um ano não se faz a progressão. "Neste ano não foi formada a comissão para fazer a avaliação. Em 2003, alguns servidores subiram de graduação, mas em 2004 isso não aconteceu e traz perdas para a categoria. Sequer deram resposta também ao nosso acordo coletivo, encaminhado à administração no dia 30 de abril. Viraram as costas e desprezam a categoria", disse Lopes.

Rio Grande da Serra tem o plano de carreira por tempo de serviço, mas o que envolve a promoção por desempenho do profissional ainda depende de regulamentação.

O sindicato de São Caetano não deu retorno para falar do assunto, e o ditretor de Administração da Prefeitura, Dionísio Lozano Rubio, informou, por meio da assessoria de imprensa, que não queria falar.




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