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Equador enfrenta dor e morte após erupção do Tungurahua
Da AFP
18/08/2006 | 17:29
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Os trabalhos de resgate e ajuda se intensificaram nesta sexta-feira, em quatro províncias do Equador declaradas em situação de emergência, após a erupção do vulcão Tungurahua, que devastou cinco aldeias e deixou cinco mortos, 4 mil deslocados, e um prejuízo avaliado em 150 milhões de dólares.

As brigadas, formadas por centenas de socorristas, abriram passagem com dificuldade, em meio a caminhos e campos cheios de rochas lançadas pelo vulcão na madrugada de ontem.

A erupção, a mais forte desde 1999, lançou 8 milhões de toneladas de material, que formaram uma nuvem de 742km de altura e 185,6km de largura, a qual chegou ao Peru e Pacífico. Mais de 4 mil pessoas foram levadas para albergues, enquanto criadores de gado e agricultores assinalaram que os prejuízos chegarão a 150 milhões de dólares, diante da morte de centenas de cabeças de gado e da destruição de milhares de hectares de plantações.

A erupção afetou estradas, uma das principais hidrelétricas do país, e levou à paralisação das atividades em aeroportos do interior. A chuva de cinzas que cobriu as províncias de Tungurahua, Bolívar, Cotopaxi e Chimborazo afetou 20 mil produtores, segundo o presidente da Câmara da Agricultura, Patricio Donoso.

O governo do Equador solicitou hoje, por meio das Nações Unidas, a cooperação internacional, para obter alimentos, medicamentos e recursos econômicos, e atender à emergência provocada pela erupção do vulcão Tungurahua. A chancelaria equatoriana informou que "o pedido de cooperação internacional será destinado, numa primeira fase, a aliviar as necessidades mais imediatas da população atingida, e, numa segunda etapa, a que o processo de reconstrução seja colocado em prática".

A chancelaria ressaltou ter contactado o sistema de emergência das Nações Unidas no Equador para coordenar a ajuda internacional. "Pretendemos elaborar rapidamente uma lista preliminar dos insumos e recursos requeridos para socorrer a população afetada por esse desastre natural", acrescentou.

Segundo a chancelaria, uma vez superada essa primeira etapa de emergência, serão solicitados recursos "a serem utilizados no processo de reconstrução da infra-estrutura, adaptação de abrigos, reassentamentos, e sustento da população".

Quatro das cinco vítimas são membros da família Samaniego Hidalgo, do povoado de Penipe, o mais afetado pela erupção. Duas delas, um agricultor de 53 anos e sua enteada de 19, foram sepultadas pela lava quando tentavam salvar um aparelho de TV e um de DVD, segundo conhecidos.

Os tios do agricultor morreram quando tentavam atravessar uma ponte sobre o rio Puela, consumido pelo fogo. "Não pudemos fazer nada. Cada um salvou a própria vida. Meus avós tentavam cruzar o rio, quando a força da lava os arrastou", contou Miguel Hidalgo.

O presidente Alfredo Palacio, que viajou para a região acompanhado de seis ministros, reuniu-se na noite de ontem com autoridades da província de Chimborazo, e hoje com as de Tungurahua, com as quais determinou que as escolas e escritórios públicos serão usados como albergues.

O Exército anunciou o envio de caminhões com carregamentos de banana para alimentar o gado, e informou que seus quartéis poderiam receber as reses. "Precisamos de alimento para os gados menor e maior, porque os 202km de hectares de área de Pelileo foram totalmente atingidos, 400 casas foram danificadas, e 50 desabaram, disse Manuel Caizavbanda, prefeito de Pelileo, outra localidade afetada.

Segundo o diretor do Instituto de Geofísica, Hugo Yepes, apesar de a atividade do vulcão "ter voltado a níveis quase mínimos", foram registradas novas emissões de cinzas e avalanches. Ele alertou que a calma é aparente, e que o Tungurahua acumula em seu interior "gases e material magmático, que exercem pressão". Também adiantou que haverá novas erupções, embora seja difícil precisar quando isso acontecerá.




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