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Vitória de Morando consolida fama de pé-quente de Mauricio

Ex-prefeito de São Bernardo vence eleição municipal pela sétima vez; desde 1988, só perdeu em 1992, quando apoiou Djalma Bom

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
16/11/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


“Acho que sou pé-quente mesmo”. Prefeito de São Bernardo por três mandatos, Mauricio Soares (PHS) deixa a modéstia um pouco de lado ao comentar a vitória do deputado estadual Orlando Morando (PSDB) na eleição para o Executivo da cidade. O triunfo do tucano no segundo turno diante de Alex Manente (PPS) foi o sétimo de Mauricio, mineiro de Abaeté de 77 anos.

Mais do que vencer – o que faz desde 1988, quando chegou ao comando do Paço –, Mauricio tem se notabilizado por antever o pleito e reverter tendências negativas ao seu apoiado. Até o começo da campanha, Alex era favorito nas pesquisas de intenções de voto. O mesmo aconteceu com Luiz Marinho (PT), que antes do início da corrida eleitoral de 2008 amargava 4% das citações de são-bernardenses.

“Claro que não é fácil vencer. Requer esforço. Não sei como faço para escolher o candidato correto. Mas a experiência e conhecimento da cidade ajudam, sim”, diz Mauricio. “Nessa campanha mesmo do Orlando eu me esforcei muito. Tenho quase 80 anos, não me sinto mais na plena forma física.”

A história política de Mauricio em São Bernardo foi no Sindicato dos Metalúrgicos ainda comandado por Luiz Inácio Lula da Silva. Fazia parte do corpo jurídico da entidade no momento das grandes greves. Auxiliou na criação do PT em 1980 e, dois anos depois, candidatou-se a prefeito de São Bernardo. Embora tenha registrado a maior votação daquela eleição – 51.341 votos –, perdeu para Aron Galante (PMDB), que contou com os sufrágios dos correligionários Mário Ladeia Rocha e João Américo de Andrade Martins (à época o sistema eleitoral permitia o lançamento de mais de uma candidatura pelo mesmo partido e união dos votos da legenda).

Mauricio elegeu-se em 1988 com 112.215 votos. Em 1992, o PT apostou em seu vice, Djalma Bom, para sucessão. Mauricio defendia Laurentino Hilário, seu braço-direito. Djalma foi vencido nas prévias. Até hoje há petista que diz que Mauricio pouco ajudou Djalma Bom e que torceu para Walter Demarchi (PTB) – que venceu Djalma. Mauricio nega qualquer auxílio a Demarchi. “Essa é a versão mentirosa que o PT tenta vender ainda hoje. Fiz o possível para eleger o Djalma. Ele não era má pessoa, mas não tinha perfil de São Bernardo. Apesar de toda essa questão sindical, São Bernardo é conservadora. O Djalma era ligado ao socialismo, era chefe de greves, bebia demais. O Laurentino não era essa joia preciosa toda, mas era mais aceitável junto à sociedade.”

Mauricio retomou a rotina de vitórias em 1996, quando, pelo PSDB, retornou à Prefeitura. Tornou a vencer em 2000. Três anos depois, renunciou ao Paço por problemas de doença e seu vice, William Dib, assumiu o comando do Executivo – muito se fala que havia acordo para que Mauricio desse espaço para Dib. “Não teve nada disso. Estava com crise aguda de neuropatia diabética e sem conseguir controlar minha diabete. Saí porque não tinha condições físicas”. Dib foi reeleito em 2004, com apoio de Mauricio, numa votação acachapante: 295.487 votos contra 88.533 de Vicentinho (PT), a maior da história.

A relação com Dib estremeceu quando, em 2008, o então prefeito anunciou Morando como candidato governista e preteriu Mauricio, antes escolhido como prefeiturável. “O Dib me traiu. Teve atitude falsa comigo. Não só me deu o tombo como levou meu secretariado”, relembra Mauricio, que, então, voltou ao PT para apoiar o desconhecido Marinho. “Sei que fui fundamental para o Marinho, em 2008 principalmente”. Em 2015, Mauricio brigou novamente com o petismo, principalmente com a mulher de Marinho, Nilza de Oliveira (PT). “No meu entender, o Tarcisio (Secoli, prefeiturável derrotado no PT) era o melhor, mas estava no partido errado e com companhias erradas. Por isso fui com o Orlando. O pai do Alex (Otávio Manente, morto em 2011) foi meu secretário (de Obras), um bom secretário, mas minha relação com o Alex é pequena. Ele é um sujeito que foi oportunista no sentido de aproveitar o prestígio do pai. O Orlando tem ideias mais arejadas, mais esperto.”

Sobre vencer Dib pela terceira vez – neste eleição, o ex-prefeito apoiou Alex extraoficialmente –, Mauricio desdenha. “Tudo bem. É da vida (risos).” 




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