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Em balanço, PT se arrepende de ter colocado Atila na Sama

Após derrota, petistas de Mauá avaliam como
erro entrega do controle da autarquia ao socialista

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
16/11/2016 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


O PT de Mauá ainda tenta digerir a derrota histórica do partido na cidade, após naufrágio da reeleição do prefeito Donisete Braga (PT) no segundo turno, superado nas urnas por um antigo aliado, o deputado estadual Atila Jacomussi (PSB), por 64,47% a 35,53% dos votos válidos. Oficialmente, a análise do revés acachapante ainda será feita pelo diretório, mas internamente o consenso entre os militantes é que um dos erros da sigla, sob controle de Donisete, foi a aliança com o hoje prefeito eleito no segundo turno da eleição de 2012 e, como consequência, a entrega do controle da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) a Atila após mais uma vitória do partido, sobre Vanessa Damo (PMDB).

A avaliação é que, ao dar a chefia da Sama ao socialista, concedeu espaço para que o então ex-vereador e terceiro colocado na disputa pelo Paço se cacifasse politicamente. Responsável pelo abastecimento de água no município, a autarquia é considerada área estratégica da gestão, pois gerencia um dos clássicos problemas nas cidades: o saneamento básico. A empresa municipal também realiza obras de pavimentação de vias.

Em setembro de 2014, o Diário revelou que, sob comando Paulo Sérgio Pereira, aliado e indicado por Atila para substituí-lo na superintendência da empresa, a Sama intensificava pavimentação de vias em regiões precárias, como Jardim Zaíra e Jardim Oratório, às vésperas da eleição. Atila era pré-candidato a deputado estadual na ocasião e, mesmo fora do governo, visitava as obras, apresentava seu projeto à Assembleia e pedia apoio eleitoral, segundo relatos dos próprios moradores, à época.

Outro fator levantou suspeita de uso eleitoral da Sama. Atila é investigado na Justiça em ação civil por improbidade administrativa movida pelo Ministério Público, que o acusou de autorizar instalação clandestina de cavaletes de água sem hidrômetro, o que permitia a munícipes o uso, em pleno período de crise hídrica no Estado, sem o registro do consumo mensal e, consequentemente, isenção do pagamento. Segundo a promotoria, a ação visava “interesses pessoais, quiçá eleitorais”. Atila nega as irregularidades.

O candidato oficial do governo Donisete a Assembleia em 2014 era o ex-vice-prefeito Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), mas o chefe do Executivo não só fez vistas grossas ao projeto de Atila, como manteve seu indicado na Sama em meio ao processo eleitoral. Atila foi eleito deputado estadual pelo PCdoB, com 62.856 votos, ao contrário de Paulo Eugenio, derrotado com 51.437 adesões.

Presidente do PT mauaense, Cida Maia, negou que o partido tenha feito avaliação sobre a derrota – a executiva se encontrará no dia 21 –, mas disse discordar da tese de equívoco no petismo. “O apoio dele era necessário naquela ocasião e a nossa vitória foi comemorada. Sobre o espaço que teve (no governo), o Donisete apenas cumpriu o que havia apalavrado, assim como fez com outros partidos”. analisou a dirigente.
 




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