Política Titulo
Reali não indica
culpado por dívidas
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
25/02/2011 | 07:32
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Entre os sete prefeitos do Grande ABC, o de Diadema, Mário Reali (PT), é o único que está "encurralado" no quesito justificativa de problemas orçamentários por conta de dívidas herdadas de gestões anteriores. A cidade foi entregue ao atual chefe do Executivo com cerca de R$ 195 milhões em dívidas de precatórios por José de Filippi Júnior (PT) - hoje deputado federal -, principal cabo eleitoral de Reali na eleição de 2008 vencida no primeiro turno com 58% dos votos válidos.

Passado dois anos de mandato, os sequestros de cerca de R$ 40 milhões ocorridos em 2009 para quitação de precatórios ainda atrapalham a administração na hora de planejar gastos e investimentos. À época, o fato complicou o pagamento de funcionários, fornecedores e, inclusive, forçou o prefeito a alterar grande parte do seu programa de governo que previa a construção de equipamentos públicos.

"Deixaram o Mário em maus lençóis e sem ter para onde correr, por conta da situação criada nos 24 anos de gestões petistas", avaliou o vereador tucano José Francisco Dourado.

Dentro desta ‘herança' deixada pelo ‘companheiro' Filippi, também pode se destacar o baixo poder de investimento. Hoje a cidade trabalha com apenas R$ 10 milhões em caixa, que são destinados a contrapartidas de programas do governo federal e estadual que visam construção de equipamentos. O restante da arrecadação - R$ 752 milhões - está comprometido com o custeio da maquina pública. Entregue na gestão passada, o megacomplexo hospitalar Quarteirão da Saúde consome sozinho 30% da receita anual do município.

O parlamentar José Antonio da Silva, o mais próximo do prefeito, desconversou sobre a situação de ‘beco sem saída' e creditou o comprometimento da receita com o Quarteirão da Saúde ao Estado. "Falta parceria, o governo federal ajuda um pouco, mas o estadual não faz quase nada."

Os itens da vasta lista de resquícios deixados por gestões passadas estão todos atrelados há aliados. O atual vice-prefeito, Gilson Menezes (PSB), foi responsável por 80% dos precatórios quando governou a cidade como primeiro prefeito petista de 1983 a 1988, retornando de 1997 a 2000. O deputado estadual José Augusto da Silva Ramos (PSDB), à época no PT, foi o sucessor de 1988 a 1992. Filippi comandou de 1993 a 1996 e de 2001 a 2008.

Sobre a situação, o ex-prefeito Zé Augusto deu tapa com luva de pelica, já que também foi autor da herança. "O Mário tem excelentes condições de ser bom prefeito, não vejo problemas com dívidas. É só ele querer que dá para fazer muita coisa pela cidade." No mesmo bote, Gilson credita o problema ao sistema tributário. "O município é o que tem mais responsabilidade e é o que fica com a menor parcela. As prefeituras custam caro e a receita não aumentou de maneira proporcional."

Reali não teve a opção de jogar a culpa do caos que tenta administrar no antecessor, como fez o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), ao creditar todos os problemas estruturais e funcionais da cidade na "herança maldita" deixada por Leonel Damo (à época no PV, hoje sem partido) - débitos de quase R$ 200 milhões somente de restos a pagar. O gestor de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), também vinculou falhas em diversas áreas ao ex-Executivo William Dib (PSDB). Os outros prefeitos foram reeleitos em 2008.

A Prefeitura de Diadema não informou detalhes da atual situação do passivo do município.




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