Política Titulo Eleições americanas
Vitória de Trump nos EUA impulsiona conservadorismo

Polêmico, magnata vence Hillary Clinton e leva a disputa pela Casa Branca; especialistas citam guinada à direita, como no Brasil

Por Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
10/11/2016 | 07:00
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A vitória do republicano Donald Trump, 70 anos, na madrugada de ontem, na corrida presidencial dos Estados Unidos, pode representar guinada à direita e avanço do conservadorismo, avaliam especialistas ouvidos pelo Diário. O magnata venceu uma das disputas mais intensas da história e superou a democrata e ex-secretária de Estado Hillary Clinton, 69, na briga pela sucessão do presidente Barack Obama. Trump teve menos votos populares do que a democrata. Até o fechamento desta edição, com 99% das urnas apuradas, Hillary somava 59,8 milhões de votos, ante 59,6 milhões do futuro chefe da Casa Branca. Pelo sistema eleitoral do país, o presidente é eleito caso conquiste 270 (metade mais um) de triunfos nos colégios eleitorais, separados de forma proporcional ao número de eleitores de cada Estado. Nesse cálculo, Trump ganhou de Hillary: 279 a 228.

Dono de opiniões polêmicas e contraditórias, o bilionário fez propostas consideradas preconceituosas, como a construção de muro na fronteira com o México para impedir a entrada ilegal de imigrantes, bem como a deportação de estrangeiros que vivem no país nessas condições. Também se envolveu em escândalos, como o vazamento de vídeo antigo em que usava termos vulgares para se referir às mulheres, o suficiente para ser chamado de machista e sexista em meio à disputa com alguém com chances de ser eleita a primeira mulher presidente da América. A investida dos democratas em taxá-lo como fascista para atrair votos de minorias ofendidas por Trump não foi suficiente para barrar a vitória do bilionário.

Professor de Relações Internacionais da UFABC (Universidade Federal do ABC), Gilberto Maringoni atribui a vitória de Trump, entre várias questões, à ascensão da “onda conservadora”. Cenário esse enxergado também nas eleições municipais do Brasil e na região, onde partidos de direita e alinhados com grupos religiosos ampliaram sua representatividade. “É difícil fazer comparação com o Brasil, mas em ambos os casos, por motivos diferentes, tem a retração da economia, dos empregos e das indústrias”. Maringoni, porém, pondera que o avanço do voto conservador em meio a crises nos Estados Unidos e no Brasil ocorreu em circunstâncias distintas.

Especialista em marketing político e eleitoral, o professor Kleber Carrilho, da Universidade Metodista, compara o triunfo de Trump ao do prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB). “A ideia do discurso da antipolítica pegou. As pessoas buscam mudança imediata, por um motivo: está faltando o básico. Seguindo a teoria da ciência política norte-americana da década de 1950, o voto é racional. As pessoas votam em cima de expectativas e promessas. Se hoje a vida estivesse boa não iriam mudar.” 




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